terça-feira, janeiro 10, 2012

ter um pai nosso nas coisas

Percorremos a casa com solenidade, guardando o silêncio a que parecem convidar-nos alguns espaços importantes. Admiramos a decoração, a limpeza extrema, o bom gosto.
Os donos da casa não disfarçam o orgulho. Aqui e ali comentam pormenores sobre a construção, sobre decisões que tomaram, escolhas difíceis, procuras complicadas ou até opções inicialmente erradas.
Reparamos nos tapassóis de madeira com dobradiças de ferro, admiramos o alpendre, experimentamos os sofás da sala. A dona da casa abre armários, explica a origem de alguns objectos, mostra o jogo de panelas, retira copos do aparador, abre panos e toalhas bordadas para melhor os admirarmos, chama a atenção para a poupança de espaço na cozinha.
Depois da agradável visita, a minha mãe vira-se para mim e exclama: "Ela tem um pai nosso nas coisas!" Foi esta a sua maneira de dizer que as coisas estavam todas extremamente organizadas, incrivelmente limpas, sem merecerem o mínimo reparo. Ter um pai nosso nas coisas é isto, é uma capacidade que algumas pessoas possuem e outras nunca conseguem alcançar, ainda que sejam católicas fervorosas e rezem o pai-nosso diariamente.

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