terça-feira, julho 31, 2012

fura-se com uma agulha

- Vai lá ver!
O meu pai sorri, indicando o local onde improvisou, com a ajuda de um amigo, o curral para as cabras.
São três. Uma maior e duas mais pequenas.
- Aquela é filha, mas esta vê-se logo que não é!
Junto à estrutura improvisada, discute-se o possível parentesco entre os três animais, comparando cores e tamanhos.
- O que é que elas iam comer? Ardeu tudo...
O meu pai justifica assim aquela compra inesperada, mas eu sei que mesmo que o dono das cabras não tivesse ficado sem nada que lhes deitasse, mais tarde ou mais cedo ele arranjaria maneira de arranjar uma cabrinha para comer silvados à volta de casa.
Está-lhe no sangue. O porquinho, a cabrinha, as galinhas que já tivemos, os coelhos que já não temos.
Demoramos um pouco junto ao curral, saboreando a quietude do fim da tarde, e inventariando de memória os locais ali à volta onde ainda deve ser possível conseguir-lhes algum alimento.
- 'Tão magrinhas, vão engordar, garante o meu pai.
Um dos animais, em particular, está magríssimo. É só pele e osso.
Já no terreiro, quando o comento, aprendo com a sabedoria da minha mãe esta nova expressão popular: "Fura-se com uma agulha".
Ao que me é dado perceber, esta expressão, sinónimo de magreza, só é utilizada quando quando nos queremos referir a animais. Bem pensado.


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!