terça-feira, abril 27, 2010

...não azeda

Desculpando-me com o imenso trabalho que me esperava em casa, preparava-me para me despedir de uns vizinhos da casa da infância que encontrara por acaso, e com quem ficara um pouco a conversar.
O senhor exclamou, em tom paternal: "Ah, Não azeda!" A senhora, complementando a expressão do marido, disse: "Põe no frigorífico!"
Foi tão engraçado que não resisto a colocar aqui as duas expressões, cada uma remetendo para uma época diferente.
Lembro-me perfeitamente de não termos frigorífico em casa, e da atentação da minha mãe com a comida pois esta azedava facilmente, sobretudo nas épocas de mais calor. No Verão não valia a pena guardar nada de uma hora para a outra porque azedava.
Ora, o trabalho de casa não azeda. Há tanta coisa que pode ser deixada para mais tarde, simplesmente porque há coisas mais importantes. No caso em questão, que poderia ser mais importante do que aquela agradável troca de palavras com quem não falava há muito?
O senhor lembrou-se do dito antigo e a senhora acrescentou-lhe um toque de actualidade: "Põe no frigorífico!"
Que Deus nos dê a todos a sabedoria de perceber o que não azeda e o que pode ser colocado no frigorífico.

Comments:
Recuperar o valor das coisas é isso que tu fazes, trazendo-as para ti, para nós, para o aqui e agora com o seu significado protegido e a pertinência actualizada. Gostei de ter descoberto este blog (eu, que há mais de um ano não visitava um!).
 
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