quarta-feira, agosto 26, 2009
Os calitres
A bem mais de meio caminho entre a nossa casa e o centro da freguesia da Camacha, existia uma área com eucaliptos. Era logo a seguir à estrada do cemitério, quando esta se entroncava com a estrada principal, que começava a zona dos eucaliptos, quer num, quer no outro lado do caminho.
Muitas pessoas do nosso sítio, nos limites das serras do Caniço, optavam por ir à Camacha à missa, às festas, ao centro de saúde, ou às compras, porque o caminho era bem mais fácil de percorrer a pé do que a ligação ao centro da nossa freguesia.
As pessoas cruzavam-se no caminho, umas na ida, as outras no sentido inverso, já de regresso a casa, e mais tarde esses encontros eram comentados: - "Encontrei a Rosairinha quando se ia para a Camacha." - "Onde é que ela vinha?" - "Vinha nos Calitres".
Os Calitres. Sempre que passámos aí, tínhamos a tendência de apanhar bagas para jogar às pedrinhas, de preferência todas do mesmo tamanho. Eu também gostava porque cheirava a fresco, nessa altura nem sequer sabia o verdadeiro nome dessas enormes árvores. Todos diziam calitres, só os livros, mais tarde, traziam a palavra "eucalipto" em vez de calitre.
Voltei, recentemente, a ouvir a palavra calitre e revivi estas idas à Camacha, sobretudo aos domingos quando a seguir à missa era obrigatório dar umas voltinhas na Achada, na altura uma autêntica atracção, local onde se trocavam olhares que por vezes resultavam em namoro.
Deixei-me transportar até aos "calitres" da Camacha porque era esses que tinha na memória, mas a pessoa que utilizou a expressão estava na verdade a falar de uma zona do Caniço, um bocado depois da farmácia e um bocadinho antes do actual Centro de Saúde, na estrada que vem até às Figueirinhas. Não interessa que já não existam eucaliptos, que agora existam apenas apartamentos, aquela zona continua a ser "os calitres".
Muitas pessoas do nosso sítio, nos limites das serras do Caniço, optavam por ir à Camacha à missa, às festas, ao centro de saúde, ou às compras, porque o caminho era bem mais fácil de percorrer a pé do que a ligação ao centro da nossa freguesia.
As pessoas cruzavam-se no caminho, umas na ida, as outras no sentido inverso, já de regresso a casa, e mais tarde esses encontros eram comentados: - "Encontrei a Rosairinha quando se ia para a Camacha." - "Onde é que ela vinha?" - "Vinha nos Calitres".
Os Calitres. Sempre que passámos aí, tínhamos a tendência de apanhar bagas para jogar às pedrinhas, de preferência todas do mesmo tamanho. Eu também gostava porque cheirava a fresco, nessa altura nem sequer sabia o verdadeiro nome dessas enormes árvores. Todos diziam calitres, só os livros, mais tarde, traziam a palavra "eucalipto" em vez de calitre.
Voltei, recentemente, a ouvir a palavra calitre e revivi estas idas à Camacha, sobretudo aos domingos quando a seguir à missa era obrigatório dar umas voltinhas na Achada, na altura uma autêntica atracção, local onde se trocavam olhares que por vezes resultavam em namoro.
Deixei-me transportar até aos "calitres" da Camacha porque era esses que tinha na memória, mas a pessoa que utilizou a expressão estava na verdade a falar de uma zona do Caniço, um bocado depois da farmácia e um bocadinho antes do actual Centro de Saúde, na estrada que vem até às Figueirinhas. Não interessa que já não existam eucaliptos, que agora existam apenas apartamentos, aquela zona continua a ser "os calitres".
Comments:
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Ai Lília, que delícia de descrição.
Imagino e invejo essas idas à Camacha. Os tais calitres.. as pedrinhas para se jogar. Tinham que ser maneirinhas para caberem todas na mão sobretudo na volta da costa.O perfume!
Pois é também cá em baixo havia os calipes, mas a minha mãe sempre me disse que o correcto era eucaliptos. E assim dizia. Agora quando lá passo lembro-me deles do medo do escuro que faziam. Do vento das sombras. Nem apetecia morar lá. Pois, mas isso era no tempo antes da invasão do Caniço pelos bárbaros finos e endinheirados que isto é uma terra apetitosa. Agora os Eucaliptos são bons de morar, os picos das Eiras e todas as zonas ventosas de arrepiar são habitaveis.Não se amofinem que eu não sou contra as pessoas, só contra o excesso de betão.
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Imagino e invejo essas idas à Camacha. Os tais calitres.. as pedrinhas para se jogar. Tinham que ser maneirinhas para caberem todas na mão sobretudo na volta da costa.O perfume!
Pois é também cá em baixo havia os calipes, mas a minha mãe sempre me disse que o correcto era eucaliptos. E assim dizia. Agora quando lá passo lembro-me deles do medo do escuro que faziam. Do vento das sombras. Nem apetecia morar lá. Pois, mas isso era no tempo antes da invasão do Caniço pelos bárbaros finos e endinheirados que isto é uma terra apetitosa. Agora os Eucaliptos são bons de morar, os picos das Eiras e todas as zonas ventosas de arrepiar são habitaveis.Não se amofinem que eu não sou contra as pessoas, só contra o excesso de betão.
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