terça-feira, janeiro 27, 2009

perder casamento

Ouvi a expressão "não vai perder casamento" e secretamente alegrei-me com o facto de as pessoas se habituarem à linguagem, e por conseguinte se esquecerem de a adequar à realidade dos tempos. Se o fizessem, com certeza que esta expressão estaria em vias de desaparecimento, seguindo os passos da instituição "casamento".
Esta expressão é um verdadeiro documento do passado, do tempo em que o objectivo de vida de toda a gente era casar e coitados dos que não o conseguiam.
O maior medo das raparigas era ficarem solteiras e por isso havia que ter cuidados redobrados, por exemplo, com a apresentação, com o comportamento, com as bilhardices, com qualquer coisa que pudesse afastar um possível pretendente. Quando já o tinham assegurado, não sendo essa a maior preocupação de todas, já podiam viver de forma um pouco mais descontraída.
Vejamos como é usada esta expressão:
Está uma pessoa pronta para sair, com um penteado de mau gosto, com uma roupa pouco apropriada, com um conjunto gasto, com uns sapatos fora de moda, com uma peça que não combina bem com o resto da indumentária, ou sei lá que mais, e perante uma chamada de atenção, eis que surge a constatação de que "não vai perder casamento". Portanto, o caso não é assim tão grave. Se estivesse ainda por casar, e em idade de aspirar a um pretendente, o caso mudaria completamente de figura e todos os pormenores de apresentação e comportamento passariam a ser relevantes.

Comments:
Uma delícia este blogue. Parabens!:)
 
Sérgio Correia
 
Olá Amiga!
Quantas vezes ouvi a frase.! Coitada de minha mãe, acho que tinha pavor que a filha ficasse de pés amarelos. E então vai de aconselhar a: não andar com criancinhas ao colo, fazia perder casamento. Só conseguiria algum vizinho conhecedor que a criança não era minha. Não andar sempre a mudar a indumentária, pois rapaz assisado rejeitava rapariga muito vaidosa; nunca , jamais ,dizer que era canhota, ou executar algo com a mão esquerda, pois era mau sinal, coisa de diabo;nunca , jamais, dizer que não sabia,nem gostava de cozinhar. Que homem tão estúpido quereria tal rapariga.

Coitadinha de minha mãe cuja cabecinha , formatada nos anos 20, não mudou.
Acho que ainda hoje era capaz de dar os mesmos conselhos. Advertências!
 
Então e a superstição de "varrer os pés"?
Nas regiões Centro e Sul do nosso País, meados do Séc. XX era frequente brincar com as raparigas casadoiras que eventualmente assistissem ao acto de varrer o chão.
Evitavam que o varredor (criança ou rapazola)lhes passasse com a vassoura pelos pés pois acreditavam que isso as impediria de arranjarem noivo e casarem.
"Não me varras os pés que eu ainda me quero casar!" era frase certa.
Certa era também a galhofa quando o varredor insistia e maior ainda quando estava presenta uma senhora idosa igualmente galhofeira...
Coisas do tempo passado, quando as pessoas eram simples...
Minhas Saudações.
 
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