sexta-feira, novembro 21, 2008

não quero que me doa nada

"- Daqui até lá, não quero que me doa nada". Digo-lhe com esta expressão popular que ainda há-de faltar muito tempo, mas ela não percebe. Por isso, continua a colocar hipóteses e a pedir-me ajuda para escolher os nomes dos cães e dos gatos que havemos de ter quando tivermos uma casa com jardim. De vez em quando, decide escolher outros nomes e eu entro na brincadeira, que para ela não é brincadeira nenhuma. Sugiro nomes, concordo com algumas sugestões, torço o nariz a outras. Vejo um intenso brilho nos olhos da minha menina e fico sem saber se faço bem ou se faço mal em alimentar assim um sonho que não sei se alguma vez se vai concretizar. Talvez por isso, por entre um sorriso melancólico, acrescento, em tom ligeiramente mais baixo: " - Daqui até lá não quero que me doa nada." Digo mas não digo. Digo com esperança que a expressão passe despercebida e que ela não me pergunte o que quer dizer, porque eu não gosto nem sou capaz de mentir.
Sim, filha, os nossos cães e os nossos gatos vão ser todos amigos, é claro que vão. E esses nomes são muito bonitos, é claro que são. E promete-me que vais ensiná-los a não me estragarem as flores.

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