sexta-feira, março 07, 2008
Despique
Rapaz:
-Tendes os pezinhos brancos
Branquinhos e cor-de-rosa
Porque não usas tamancos
Cobrindo a carne mimosa?
Rapariga:
-No Campo não se repara
Fui assim habituada
Como posso andar calçada
Custando a vida tão cara?
Rapaz:
- Se tu quisesses, Maria
Receber-me por namoro
Podias calçar um dia
Sapatos com pregos de ouro
Rapariga:
-Aceito para estrear
Vá que seja, vá que seja
Quando nos formos casar
Pela santa madre igreja
Rapaz:
- Casar, Maria, isso não
Quem te fala em casamento?
Pode haver muita afeição
mas não haver sacramento
Rapariga:
-Não sou dessa qualidade
Eu ando de pé descalço
Não darei um passo em falso
Como as fofas da cidade
Rapaz:
- Meu Deus, que cara tão feia
Eu não queria dizer isso
As raparigas da aldeia
Parecem mesmo uns ouriços
Rapariga:
- A gente vive nos campos
Só namora quem se estima
Adeus e adeus sapatos
Assenhora a sua prima
Recolhi este despique em 1986 e soube então que foi trazido para o Sítio por uma mulher que trabalhou no Funchal, no Hospício, onde terá aprendido muitas cantigas com as freiras.
Primeiro, o depique terá sido ensaiado de propósito para ser cantado no bazar, durante as festas mais conhecidas da freguesia, como forma de atrair público. Era cantado por duas crianças, um rapaz e uma rapariga, vestidos de vilões. As pessoas gostaram, a música ficou no ouvido, e o despique passou a ser cantado em muitas outras ocasiões, sobrevivendo na memória até aos dias de hoje.
-Tendes os pezinhos brancos
Branquinhos e cor-de-rosa
Porque não usas tamancos
Cobrindo a carne mimosa?
Rapariga:
-No Campo não se repara
Fui assim habituada
Como posso andar calçada
Custando a vida tão cara?
Rapaz:
- Se tu quisesses, Maria
Receber-me por namoro
Podias calçar um dia
Sapatos com pregos de ouro
Rapariga:
-Aceito para estrear
Vá que seja, vá que seja
Quando nos formos casar
Pela santa madre igreja
Rapaz:
- Casar, Maria, isso não
Quem te fala em casamento?
Pode haver muita afeição
mas não haver sacramento
Rapariga:
-Não sou dessa qualidade
Eu ando de pé descalço
Não darei um passo em falso
Como as fofas da cidade
Rapaz:
- Meu Deus, que cara tão feia
Eu não queria dizer isso
As raparigas da aldeia
Parecem mesmo uns ouriços
Rapariga:
- A gente vive nos campos
Só namora quem se estima
Adeus e adeus sapatos
Assenhora a sua prima
Recolhi este despique em 1986 e soube então que foi trazido para o Sítio por uma mulher que trabalhou no Funchal, no Hospício, onde terá aprendido muitas cantigas com as freiras.
Primeiro, o depique terá sido ensaiado de propósito para ser cantado no bazar, durante as festas mais conhecidas da freguesia, como forma de atrair público. Era cantado por duas crianças, um rapaz e uma rapariga, vestidos de vilões. As pessoas gostaram, a música ficou no ouvido, e o despique passou a ser cantado em muitas outras ocasiões, sobrevivendo na memória até aos dias de hoje.