sexta-feira, janeiro 04, 2008
Burricar ou dizer burridades
Antigamente, as pessoas burricavam. Passavam horas a dizer burridades, em longos serões, à volta da mesa iluminada por uma luz de petróleo.
As pessoas divertiam-se a burricar. E sabia tão bem! Sabia bem o calor humano à volta da mesa ainda com migalhas de pão preto já duro e com os pratos a cheirar à massa com couves que servira de ceia.
Burricar é dizer asneiras. E tudo, tudo mesmo, mesmo tudo, servia de pretexto para garantir o entertenimento necessário à vida, nessa altura em que não havia televisão, nem livros, nem computador, nem telemóvel, nem leitor de Mps nem nada do que existe agora.
Eu lembro-me de não termos luz eléctrica em casa. De não termos televisão. De não termos giradiscos. De não termos nenhum livro, à excepção dos livros da primeira e da segunda classe, sendo que o da primeira tinha sido meu no ano anterior e estava a ser usado pela minha irmã do meio e no ano seguinte, quando eu tivesse o da terceira, passaria para a minha irmã mais nova.
Lembro-me de ver os adultos, depois de um longo dia de trabalho e de inúmeras dificuldades, a rirem muito com as burridades que inventavam para dizerem uns dos outros.
Num tempo anterior, na juventude dos meus pais e dos meus tios, altura em que as famílias eram muito mais numerosas, burricava-se muito mais. As burridades eram o pão nosso de cada dia, e era isso que tornava a vida mais fácil de ser vivida, essa alegria gerada pelas coisas mais insignificantes e impensáveis.
Às vezes metiam-se com os namoricos uns dos outros, jurando a pés juntos que certa rapariga estava interessada em determinado rapaz ou vice-versa e que os tinham visto olhar um para o outro no adro da igreja ou numa qualqquer encruzilhada de caminho. Às vezes limitavam-se a imitar formas de falar, sobretudo se a pessoa fosse fanhunga ou tivesse outra qualquer característica fora do normal, formas de andar ou certos jeitos. Às vezes peguilhavam com pequenos episódios insólitos, ou recordavam coisas passadas há muito ou há pouco tempo.
Fosse sobre o que fosse, burricar sabia bem.
Hoje em dia não há tempo, nem pessoas suficientes, para ocupar os serões a dizer burridades. A única excepção é quando os emigrantes da família regressam por breves períodos e nos sentamos à volta da mesa do jantar, e de repente somos mais, e dá jeito recordar episódios insólitos e características estranhas e peguilhar com isto e com aquilo. Nessas alturas, sim burricamos. E sabe tão bem e tenho tantas saudades.
As pessoas divertiam-se a burricar. E sabia tão bem! Sabia bem o calor humano à volta da mesa ainda com migalhas de pão preto já duro e com os pratos a cheirar à massa com couves que servira de ceia.
Burricar é dizer asneiras. E tudo, tudo mesmo, mesmo tudo, servia de pretexto para garantir o entertenimento necessário à vida, nessa altura em que não havia televisão, nem livros, nem computador, nem telemóvel, nem leitor de Mps nem nada do que existe agora.
Eu lembro-me de não termos luz eléctrica em casa. De não termos televisão. De não termos giradiscos. De não termos nenhum livro, à excepção dos livros da primeira e da segunda classe, sendo que o da primeira tinha sido meu no ano anterior e estava a ser usado pela minha irmã do meio e no ano seguinte, quando eu tivesse o da terceira, passaria para a minha irmã mais nova.
Lembro-me de ver os adultos, depois de um longo dia de trabalho e de inúmeras dificuldades, a rirem muito com as burridades que inventavam para dizerem uns dos outros.
Num tempo anterior, na juventude dos meus pais e dos meus tios, altura em que as famílias eram muito mais numerosas, burricava-se muito mais. As burridades eram o pão nosso de cada dia, e era isso que tornava a vida mais fácil de ser vivida, essa alegria gerada pelas coisas mais insignificantes e impensáveis.
Às vezes metiam-se com os namoricos uns dos outros, jurando a pés juntos que certa rapariga estava interessada em determinado rapaz ou vice-versa e que os tinham visto olhar um para o outro no adro da igreja ou numa qualqquer encruzilhada de caminho. Às vezes limitavam-se a imitar formas de falar, sobretudo se a pessoa fosse fanhunga ou tivesse outra qualquer característica fora do normal, formas de andar ou certos jeitos. Às vezes peguilhavam com pequenos episódios insólitos, ou recordavam coisas passadas há muito ou há pouco tempo.
Fosse sobre o que fosse, burricar sabia bem.
Hoje em dia não há tempo, nem pessoas suficientes, para ocupar os serões a dizer burridades. A única excepção é quando os emigrantes da família regressam por breves períodos e nos sentamos à volta da mesa do jantar, e de repente somos mais, e dá jeito recordar episódios insólitos e características estranhas e peguilhar com isto e com aquilo. Nessas alturas, sim burricamos. E sabe tão bem e tenho tantas saudades.
Comments:
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É verdade..burricar era tão bom , nesses serões inesquecíveis, com a mãe , o pai e os irmãos...era mesmo bom!!!Este Natal juntei alguns dos meus irmãos( os que aqui estavam na Madeira) na minha casa e passámos a tarde a burricar e adorámos!! Obrigada, por nos recordares estas coisas tão boas e que nos fazem viajar no nosso interior. Um feliz ano 2008
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