quarta-feira, outubro 17, 2007
A criada
Sem mais nem menos, surpreendi-me a trautear uma cantiga da infância, mais uma, ainda bem que eram tantas.
Adorávamos cantá-la devido à sonoridade, alegre, cheia de ritmo, mas também por falar de uma realidade que nos era totalmente desconhecida. Esta cantiga fazia-nos entrar noutro mundo.
Mandei a criada
ir buscar a pá
P'ra juntar o lixo
que estava acolá
- Oh minha senhora
eu não sei varrer
mande-me outra coisa
que eu saiba fazer
Mandei a criada
acender o lume
- Oh minha senhora
não é de costume
Mandei a criada
ir lavar os pratos
entrou na cozinha
sujou-me os guardanapos
Valha-me Deus
com esta criada
Sai p'ró meio da rua
não sabes fazer nada
Perguntávamos à minha mãe o que era uma criada e ela explicava que era alguém que fazia as coisas nas casas de gente rica.
Nós não conhecíamos ninguém que tivesse criada e ficávamos de boca aberta, muito espantadas, a pensar em como seria ter alguém para nos fazer as coisas em casa.
Mas logo voltávamos a concentrar a nossa atenção na cantiga e a cantá-la mais uma vez e outra ainda e mais uma, até nos cansarmos .
O facto de a cantiga ter um final e ainda por cima um final justo, era tranquilizador. A criada não fazia as coisas bem, logo era posta na rua. Acreditávamos que tudo funcionava assim no mundo e nesse pressuposto acreditávamos que viver era uma tarefa simples. A inocência é uma idade bonita, seja ela em que idade for.
Adorávamos cantá-la devido à sonoridade, alegre, cheia de ritmo, mas também por falar de uma realidade que nos era totalmente desconhecida. Esta cantiga fazia-nos entrar noutro mundo.
Mandei a criada
ir buscar a pá
P'ra juntar o lixo
que estava acolá
- Oh minha senhora
eu não sei varrer
mande-me outra coisa
que eu saiba fazer
Mandei a criada
acender o lume
- Oh minha senhora
não é de costume
Mandei a criada
ir lavar os pratos
entrou na cozinha
sujou-me os guardanapos
Valha-me Deus
com esta criada
Sai p'ró meio da rua
não sabes fazer nada
Perguntávamos à minha mãe o que era uma criada e ela explicava que era alguém que fazia as coisas nas casas de gente rica.
Nós não conhecíamos ninguém que tivesse criada e ficávamos de boca aberta, muito espantadas, a pensar em como seria ter alguém para nos fazer as coisas em casa.
Mas logo voltávamos a concentrar a nossa atenção na cantiga e a cantá-la mais uma vez e outra ainda e mais uma, até nos cansarmos .
O facto de a cantiga ter um final e ainda por cima um final justo, era tranquilizador. A criada não fazia as coisas bem, logo era posta na rua. Acreditávamos que tudo funcionava assim no mundo e nesse pressuposto acreditávamos que viver era uma tarefa simples. A inocência é uma idade bonita, seja ela em que idade for.