quarta-feira, setembro 05, 2007

A propósito de atremar

A propósito do verbo "atremar", que possivelmente tem origem em "termo", não sei mas é bem capaz, veio-me à memória uma quadra que ouvi da minha avolita.

O que é mais triste é a mulher
Qu'a um homem tudo lhe é dado
Eu cá gosto de falar
Com quem atrema um recado

Os dois primeiros versos desta quadra do brinco são a herança de um tempo que, infelizmente, ainda não está muito distante. Aliás, de um tempo que ainda é presente para muitas mulheres.
Encontrei os mesmos dois versos iniciais em outras quadras usadas nos brincos e nos despiques. Há inúmeros "versos-chave" deste género, espécie de verdades universais, que servem para facilitar a tarefa dos cantadores e cantadeiras. A qualquer momento podem servir para rimar com uma ideia qualquer. São versos herdados de antigas gerações, que continuam a completar muitas das cantigas inventadas na hora, tão características do nosso folclore.
Registei, por exemplo, a seguinte quadra:

O que é mais triste é a mulher
Qu'a um homem tudo lhe é dado
Eu cá gosto de cantar
Com quem é do meu agrado

Também eu. Tanto gosto de falar com quem "atrema um recado", como, se soubesse cantar, aposto que teria mais gosto em fazê-lo "com quem é do meu agrado."

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