sexta-feira, setembro 07, 2007
A crena e a catrapilha
Lembro-me tantas vezes destas duas palavras, que na infância nos causavam um autêntico fascínio.
Crena era o nome que dávamos a uma grua e catrapilha a uma escavadora. As duas palavras ainda são bastante usadas no nosso madeirense. Catrapilha é uma espécie de tradução da marca das primeiras máquinas do género: Caterpillar. É um fenómeno linguístico interessante, em que o nome de uma marca passa a designar um objecto. Acontece o mesmo com gilete, por exemplo. Aqui acresce ainda o aportuguesamento da palavra original. Em relação a crena não faço ideia da origem.
O que sei é que já fui uma criança fascinada com essas novidades, tão estranhas, tão raras, quase mágicas. Hoje há crenas e catrapilhas em todos os bocadinhos de terreno, onde eu queria ainda ver o verde dos pinheiros e sentir o rumor da brisa nos ramos das árvores e subir e descer pequenas veredas e subir bardos e descobrir ninhos e ouvir pássaros entre as folhas mais altas. Envergonho-me daquele sentimento infantil de admiração pelo novo. Mas o tempo não volta atrás e as crenas e as catrapilhas multiplicam-se todos os dias e daqui a dias não restarão poios, não restarão bardos, não restarão jardins, não restarão caminhos ladeados de erva rija, nem ribanceiras cheias de silvados com amoras.
Crena era o nome que dávamos a uma grua e catrapilha a uma escavadora. As duas palavras ainda são bastante usadas no nosso madeirense. Catrapilha é uma espécie de tradução da marca das primeiras máquinas do género: Caterpillar. É um fenómeno linguístico interessante, em que o nome de uma marca passa a designar um objecto. Acontece o mesmo com gilete, por exemplo. Aqui acresce ainda o aportuguesamento da palavra original. Em relação a crena não faço ideia da origem.
O que sei é que já fui uma criança fascinada com essas novidades, tão estranhas, tão raras, quase mágicas. Hoje há crenas e catrapilhas em todos os bocadinhos de terreno, onde eu queria ainda ver o verde dos pinheiros e sentir o rumor da brisa nos ramos das árvores e subir e descer pequenas veredas e subir bardos e descobrir ninhos e ouvir pássaros entre as folhas mais altas. Envergonho-me daquele sentimento infantil de admiração pelo novo. Mas o tempo não volta atrás e as crenas e as catrapilhas multiplicam-se todos os dias e daqui a dias não restarão poios, não restarão bardos, não restarão jardins, não restarão caminhos ladeados de erva rija, nem ribanceiras cheias de silvados com amoras.
Comments:
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QUERIDA AMIGA.
A crena já não existe.Era costituida por um forte poste de madeira com uma roldana no topo e por onde se fazia passar um cabo de aço. Era movido à mão atravez duma engrenagem e uma manivela. Sou ainda desses tempos e, infelizmente assisti à morte dum trabalhador quando estava a içar uma carga e o cabo de aço tocou nos fios de destribuição de inergia. Agora falando em termos madeirenses:- Grogue, aguardente de cana ainda hoje produzido em Cabo Varde. Cochiquinha, coisa pouca , pocochinho. Espero que conheça essas palavras pois não encontrei no dicionário madeirense . Cumprimentos João
A crena já não existe.Era costituida por um forte poste de madeira com uma roldana no topo e por onde se fazia passar um cabo de aço. Era movido à mão atravez duma engrenagem e uma manivela. Sou ainda desses tempos e, infelizmente assisti à morte dum trabalhador quando estava a içar uma carga e o cabo de aço tocou nos fios de destribuição de inergia. Agora falando em termos madeirenses:- Grogue, aguardente de cana ainda hoje produzido em Cabo Varde. Cochiquinha, coisa pouca , pocochinho. Espero que conheça essas palavras pois não encontrei no dicionário madeirense . Cumprimentos João
Também estou de acordo ,pois os madeirenses por natureza foram mais colonizados pelos ingleses do que pelos portugueses . João
Concordo com o insane, crena é um anglicismo e tem como origem "CRANE" = guindaste . Lembram-se do biguano?
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