sábado, setembro 29, 2007

Chapéus que atrasam a vida

Quando eu era criança, muitos homens ainda usavam chapéu, os mais velhos quase todos e alguns de meia idade. O meu tio Manuel, por exemplo, usava chapéu. Os meus avós também. O meu tio usava um chapéu castanho nos dias normais e um cinzento, acho que era cinzento, nos dias especiais, como o domingo. Lembro-me que colocava o chapéu um pouco de lado, era o jeito dele.
Os chapéus dos meus avós, os chapéus de que me lembro e que eram os melhores, os "da missa", eram pretos. O meu avô materno costumava pô-lo mais ao meio da cabeça, era o jeito dele. E foi precisamente o chapéu preto desse meu avô que eu um dia pedi emprestado no dia de Carnaval para uma pequena brincadeira, porque na verdade eu nunca gostei de disfarces, na verdade sempre detestei disfarces.
Eu achava lindo aquele chapéu, com um jeito na copa, ligeiramente amolgada para dentro, e a sua fita de seda. Fizeram-me muitas recomendações, afinal aquele era o chapéu melhor, e não lhe aconteceu nada, evidentemente, porque eu trato as memórias como autênticas preciosidades. Guardo esse episódio com um carinho especial, não poderia ser de outra maneira.
Ora bem, seguindo a lista de superstições que fui recolhendo ao longo do tempo, duas linhas abaixo da que fala dos girassóis (texto anterior), encontro esta: "Atrasa a vida" uma mulher pôr um chapéu de homem na cabeça. Basta que sim! Soubesse eu disto e teria, ao longo da minha vida, poupado todo o tempo que passei a tentar procurar explicações para o inexplicável.

Comments:
Olá Amiga
Isto já me parece o 3º take de uma filmagem. Vamos lá ver se digo o mesmo.
Ora...está explicado tanto azar.Devo ter andado dias inteiros com o chapéu de meu pai.
Idalina
 
Querida amiga.
Ao ler a sua postagem sobre chapéus, fez-me lembrar várias personalidades madeirenses que usavam chapéu preto emtre elas o meu querido Pai e uma outra personalidade bem conhecida na Madeira e que de certeza também chegou a conhece-lo. Trata-se do célebre fotógrafo Alberto Perestrello, já falecido . Era uma figura carismática, pois além do célebre chapéu com três bicos no cocuruto usava também um grande laço preto em lugar da gravata. Era proprietário da foto Perestrellos, a segunda mas antiga casa de fotografia. A 1ª era a foto Vicentes , no princípio da Rua da Carreira. No entanto esse Senhor com quem convivi várias vezes faleceu com uma idade bem avançada e mesmo com tal idade tinha uma genica impressionante.Ele conseguia fotos nas situações mais anacrónicas que se podia imaginar. Ainda tenho a 1ª foto para o B.I. e Matrícula na antiga Escola Industrial, tirada no seu stúdio. Tempos que jamais serão esquecidos. João Sousa
 
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