segunda-feira, maio 21, 2007
Desinfeliz.
Com um sorriso que parece quase feliz, se eu não soubesse que não é juraria que sim, dizem-me: "E a palavra desinfeliz? Acho tão engraçada!"
Sorrio com um sorriso que também parece feliz, se eu não soubesse que não o é juraria que sim, e agradeço o contributo: "É tão engraçada!"
Ser "desinfeliz" nada tem de engraçado, mas sim. É uma daquelas palavras a quem se trocou o sentido, na ingénua tentativa de o reforçar, de o tornar mais absolutamente inquestionável.
Ser "desinfeliz" é pior do que ser infeliz, eu não duvido nem por um instante; se há algo que ultrapassa os limites da infelicidade é a própria desinfelicidade, ela mesma, sozinha e excessiva, nua e sem justificações.
Quem inventou a palavra "desinfeliz" não sabia gramática. Mas sabia de algo bem mais real do que todos as gramáticas do mundo juntas. Quem inventou a palavra "desinfeliz", ainda usada em bom madeirense, sabia que as fronteiras são indeléveis, que na verdade não existem, e que a infelicidade, tal como a alegria e todos as outras emoções conhecidas e desconhecidas e os sentimentos também, todos, pode ultrapassar o imaginável.
Quem inventou a palavra "desinfeliz" não podia imaginar, porque não sabia gramática nem tinha nada de a saber, o que o prefixo "des" costuma fazer às palavras, trocar-lhes o sentido para o oposto.
Mas então....essa tal de gramática, que na verdade não interessa absolutamente nada para as questões essenciais da vida, ditaria que "desinfeliz" é um sinónimo de "feliz". Ora bem.
Sorrio. A subjectividade sempre me fascinou. Afinal as fronteiras não existem, eu sei que não, se existissem, ontem mesmo não teria jurado a pés juntos que era feliz, e hoje não me julgaria infeliz, nem sentiria um medo a crescer de mansinho dentro de mim...
Detenho-me e escolho a palavra exacta: "desinfeliz". Porque na vida não há compartimentos e tudo se dilui e se mistura nas fronteiras que em vão sempre quisemos construir. Sem sucesso.
Sorrio com um sorriso que também parece feliz, se eu não soubesse que não o é juraria que sim, e agradeço o contributo: "É tão engraçada!"
Ser "desinfeliz" nada tem de engraçado, mas sim. É uma daquelas palavras a quem se trocou o sentido, na ingénua tentativa de o reforçar, de o tornar mais absolutamente inquestionável.
Ser "desinfeliz" é pior do que ser infeliz, eu não duvido nem por um instante; se há algo que ultrapassa os limites da infelicidade é a própria desinfelicidade, ela mesma, sozinha e excessiva, nua e sem justificações.
Quem inventou a palavra "desinfeliz" não sabia gramática. Mas sabia de algo bem mais real do que todos as gramáticas do mundo juntas. Quem inventou a palavra "desinfeliz", ainda usada em bom madeirense, sabia que as fronteiras são indeléveis, que na verdade não existem, e que a infelicidade, tal como a alegria e todos as outras emoções conhecidas e desconhecidas e os sentimentos também, todos, pode ultrapassar o imaginável.
Quem inventou a palavra "desinfeliz" não podia imaginar, porque não sabia gramática nem tinha nada de a saber, o que o prefixo "des" costuma fazer às palavras, trocar-lhes o sentido para o oposto.
Mas então....essa tal de gramática, que na verdade não interessa absolutamente nada para as questões essenciais da vida, ditaria que "desinfeliz" é um sinónimo de "feliz". Ora bem.
Sorrio. A subjectividade sempre me fascinou. Afinal as fronteiras não existem, eu sei que não, se existissem, ontem mesmo não teria jurado a pés juntos que era feliz, e hoje não me julgaria infeliz, nem sentiria um medo a crescer de mansinho dentro de mim...
Detenho-me e escolho a palavra exacta: "desinfeliz". Porque na vida não há compartimentos e tudo se dilui e se mistura nas fronteiras que em vão sempre quisemos construir. Sem sucesso.
Comments:
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Nem fiquei desinfeliz nem desinformado. Desinfelizmente ainda existem estas palavras que, fazem parte da nossa cultura popular (madeirense)e que, desinfelizardos não a conhecem.
Lília,
Gostei da dissertação acerca do neolismo "desinfeliz" e a subjectividade das fronteiras que teimamos em criar, mas que afinal diluem-se numa continuidade de sentimentos indefiníveis, sem início, sem fim, com opostos aparentemente distintos, mas que se confundem. Como o amor e a cólera de Gabriel Garcia Marquez :) Beijos
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Gostei da dissertação acerca do neolismo "desinfeliz" e a subjectividade das fronteiras que teimamos em criar, mas que afinal diluem-se numa continuidade de sentimentos indefiníveis, sem início, sem fim, com opostos aparentemente distintos, mas que se confundem. Como o amor e a cólera de Gabriel Garcia Marquez :) Beijos
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