terça-feira, novembro 14, 2006

Quase que eu dizia!

Com a presença do meu tio José Manuel, do Brasil, mais facilmente se revivem memórias. Não é preciso perguntar, nem voltar a insistir, porque as histórias surgem naturalmente e sempre acompanhadas de boa disposição.
Eu já conhecia este episódio mas, tal como o meu tio e os meus pais, voltei a rir-me com gosto à medida que ele era recontado.
Quando era jovem, uma das características do meu tio Fortunado era a dificuldade em guardar um segredo. Era uma coisa que fazia parte dele. Se lhe pedissem muito para não revelar um qualquer facto, parecia que ainda era pior.
Ora, um dia ele foi com o meu tio Vicente a casa do avôzinho. O Ti Agostinho, que era poucos anos mais velho do que eles, decidiu ir tomar banho no poço do Ti José Valente e levou os sobrinhos. Mas é claro que os pais não o queriam a nadar nos poços e ele estava avisado.
Depois de algazarra no poço, o Ti Agostinho pediu-lhes que não contassem o segredo a ninguém e eles devem ter prometido, pois então.
Estavam todos a almoçar, à volta da mesa da cozinha, quando o meu tio Fortunado disse o seguinte: "Ah meu Deus, quase que eu dizia que o Ti Agostinho tomou banho no poço do Ti José Valente!"
O avôzinho e a avózinha acharam graça e foi por isso que o Ti Agostinho se livrou da prometida malha caso infringisse a regra imposta de não se lavar nos poços. Dessa vez não houve malha para ninguém e a aquela frase ficou na história. "Quase que eu dizia que...." passou a ser a expressão preferida - até eu já dei por mim a usá-la - quando em causa está algo que supostamente não seria para dizer.

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