sábado, outubro 07, 2006
Quem malha na mãe...
Quando eu era criança, havia duas coisas horríveis que podiam acontecer a quem se atrevesse a levantar uma mão para bater na mãe, no meio de uma qualquer birra, ou para se defender de uma qualquer malha.
"Quem malha na mãe, fica preto". É uma ameaça racista, pois é. Mas eu acho que resultava. Ficar "preto como um tição" era uma ameaça que aterrava qualquer criança, num tempo em que era raro ver pessoas de cor, tão raro que quando viam uma, as pessoas davam um beliscão em alguém que estivesse perto para "terem um gosto".
"Uma vez, havia um menino que levantou o braço para malhar na mãe e nunca mais pôde mexer esse braço. Ficou para sempre com o braço levantado, como uma estátua." Para o caso de alguma criança de má timbre não ter medo de ficar preto, havia esta história terrível. Que criança não ficaria aterrada com a possibilidade de ficar para sempre com um braço levantado, como uma estátua?
Contaram-me estas histórias há cerca de trinta e cinco anos e eu nunca delas me esqueci. Nunca me esqueci e, um dia destes, dei por mim a repeti-las à minha menina. Nalgumas situações, os métodos antigos continuam a ser os melhores.
"Quem malha na mãe, fica preto". É uma ameaça racista, pois é. Mas eu acho que resultava. Ficar "preto como um tição" era uma ameaça que aterrava qualquer criança, num tempo em que era raro ver pessoas de cor, tão raro que quando viam uma, as pessoas davam um beliscão em alguém que estivesse perto para "terem um gosto".
"Uma vez, havia um menino que levantou o braço para malhar na mãe e nunca mais pôde mexer esse braço. Ficou para sempre com o braço levantado, como uma estátua." Para o caso de alguma criança de má timbre não ter medo de ficar preto, havia esta história terrível. Que criança não ficaria aterrada com a possibilidade de ficar para sempre com um braço levantado, como uma estátua?
Contaram-me estas histórias há cerca de trinta e cinco anos e eu nunca delas me esqueci. Nunca me esqueci e, um dia destes, dei por mim a repeti-las à minha menina. Nalgumas situações, os métodos antigos continuam a ser os melhores.
Comments:
<< Home
Pois é, também me lembro de imaginar uma criança com o braço teso como uma estátua. A minha história até contava que quando esse menino(a) morreu, ia no caixão, e tiveram de fazer um buraco para a mão ir de fora, era uma das histórias que mais me impressionava.
Postar um comentário
<< Home