sábado, outubro 07, 2006

Quem dá e tira, nasce-lhe uma tira

Esta possibilidade era a que mais nos aterrava. Mais do que ser arrastadas para o mar por um bando de piolhos, do que ficar pretas como tições, ou ir à missa e nada ouvir. "Quem dá e tira, nasce-lhe uma tira." A sentença foi-nos ensinada desde bem pequenas, para nos mostrar que aquilo que é dado, dado está e ponto final. Se foi dado, não se pode ir buscar de volta e nem vale a pena arrepender-se.
"Quem dá e tira, nasce-lhe uma tira." Com medo desta possibilidade, nunca tentei obter nada de volta. Muito matutei às custas desta ameaça. Eu e as minhas irmãs. Mas que raio era essa tira que nascia às pessoas que davam e depois tiravam?
Eu imaginava uma espécie de cauda, semelhante à do diabo. Algo comprido que sairia do traseiro e se arrastaria pelo chão, como sinal evidente de que a pessoa em causa tinha cometido o sacrilégio de dar e depois tirar.
Nunca pude confirmar se a sentença é verdadeira ou não. Mas talvez não seja. É o mais certo. Afinal, já me deram e tiraram sem que acontecesse nada a não ser a minha desilusão.

Comments:
Esta expressão também fez parte da minha infância. Eu também a imaginava a crescer como uma cauda... muito feia...
 
Conheço a expressão também, desde sempre que a oiço, ainda bem que nos tem dado este blog, todos estes textos lindíssimos e não está pensado em nos tirar, pois não? Senão.... já sabe, nasce-lhe uma tira!
 
Concordo plenamente com o senhor Camacheiro! Adoro o seu blog e gostei de visitá-lo ! Tem textos muito lindos e verdadeiros! Muito obrigado!
 
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