segunda-feira, setembro 11, 2006

Azougar

Há poucos dias, dei por mim a usar o verbo "azougar". Olhei para o pequeno aquário que tenho em cima da jardineira da sala e um dos meus peixinhos vermelhos estava a boiar na água. Corri na tentativa de o salvar, mas nada consegui fazer. O peixe vermelho tinha azougado. "Terá sido o Neptuno ou a Ondinha?" quis saber a minha filha, pesarosa. Mas eu não sei distinguir os machos das fêmeas e o mais provável até é que fossem os dois do mesmo sexo.
Ficámos tristes com aquela perda. Mas porque será que o nosso peixinho azougou?
Azougar é o sinónimo de morrer quando nos referimos a animais. Os animais não morrem, azógam. Há quem diga azoigar, com um i ao meio da palavra.
Nunca tive muita sorte com animais domésticos. A todos os cães que tive aconteceu uma destas coisas: ou desapareceram, ou foram roubados, ou azougaram. Quando passei os peixinhos, a sorte não mudou muito. O Neptuno e a Ondinha foram as primeiras excepções. Nadavam no pequeno aquário de bola há quatro anos exactos. Talvez por terem sido oferta da minha irmã, quando nos mudámos para o apartamento. Talvez por terem sido oferecidos com imenso carinho.
Azougar usa-se para os animais e, nesse caso, é triste. No entanto, também já a ouvi aplicada a seres humanos, de forma irónica, e nesse caso a palavra torna-se emgraçada. "Parece quem anda azougando!", exclama a minha mãe, sempre que vê uma pessoa muito magra e pálida, talvez em resultado de alguma dieta doida. Ou então, como reacção à teimosia de alguém, que insista em não ter comportamentos saudáveis. Perante as orelhas moucas a bons conselhos, eis que sai a expressão: " Era bem feito era te deixar azougar p'ra aí."
No meio disto tudo, há algo que eu sei que não vai azougar tão cedo, se depender de mim: este blog.
O Rabo do gato acaba de ficar com 250 textos exactos. Não celebro com chamapnhe. Apenas com mais um obrigado a todos aqueles que me têm lido e valorizam, tanto como eu, as particularidades da linguagem popular e das tradições da nossa ilha.

Comments:
Olá Lília!
Parabéns atrasados pelo aniversário do blog, parabéns pelos 250 textos que este blog contém, já os li a todos! Lembor-me também de ouvir: "Tou azougando com fôme"
 
E o "tou tao cansade que inté parece que azoigue"? :)
Parabens pelos 250 textos,tambem os li a todos.
Beijo
 
Ninguém azaouga sem Deus querer. Se bem que azougar era empregue na morte dos animais, mas se porventura fosse relacionado com a morte de uma pessoa, havia logo um reparo: "Mas afinal, aquilo não era um cachorro!"
Ainda da "mesma" familia existe a palavra "azougue", assim designada a pedra de ímen que atraía os metais.
Parabens pelas 250 postagens, é obra, e as quais também li.
 
Parabéns pelo blog e pelos 250 posts...
Não os li todos mas li muitos e gostei. Desde que descobri este blog que tenho passado por cá de vez em quando, acho-o muito interessante e espero que continue, por muito tempo.
Parabéns!
 
Parabéns pelo blog e que continues a escrever muitos outros textos.
Fiquei com pena do teu peixinho ter azougado.
 
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
 
boa tarde Lília,
finalmente pude dar uma espreitadela ao seu blog e surprise...cativou-me bastante. Ao chegar aqui ao "azougar" não pude deixar de esboçar um sorriso por partilhar, de certa forma, uma experiência semelhante, mas com um "happy end" (por agora...)
também eu tenho um historial de peixinhos de aquário e os meus primeiros três, em bom "madeirense" infelizmente azougaram...chorei,em silêncio, pois eram Meus, eram Minha responsabilidade, tinha atenção e carinho mas nada pude fazer, nem nunca percebi bem como é que tal aconteceu...fiquei com uma pequenina cauda-de-véu chamada "GoldChéri" e jurei que não queria mais nenhum/a se lhe acontecesse alguma coisa...mas os meus pais resolveram surpreender-me e ofereceram-me um cauda-de-véu lindo, muito vivaço, se assim se pode designar um peixe, enfim... um verdadeiro "rei do aquário".
Também não sei distinguir se é um macho ou fêmea, mas pelo seu porte "altivo" e "dominante" assumi logo a sua "macheza": Julião, o comilão (em homenagem a meu pai, Júlio, também de "bom dente", como a minha mãe sempre gosta de referir, meio a brincar meio a sério;)
Fiquei feliz por ter um "casal",um suposto macho e uma suposta fêmea, a mais pequena, mas foi uma felicidade efémera, pois a "GoldChéri" apareceu morta à tona de água uns tempos depois... o Julião aguentou-se só, mas sempre activo, com carácter...afeiçoei-me bastante a ele e qual não foi o meu desgosto quando , ao retornar destas férias (Setembro)"abroad Portugal":) e ir buscá-lo a casa dos meus pais, que entretanto ficaram a cuidá-lo, notei que o Julião já não parecia o mesmo (nos quinze dias de minha ausência várias coisas aconteceram...a existência de outro peixinho comprado pelos meus pais que nem conheci, pois em poucos dias faleceu, o aquário de vidro partiu-se quando a minha mãe o lavava(nota: eu já o tinha à pelo menos dois anos e sobreviveu a tudo, até a duas mudanças de casa)vejo-o num novo e Grande aquário redondo,parecia mais solitário ali...
irritei-me um pouco por aquele tamanho "alambazado"(conhece a expressão?(grande demais) :), mas logo passou, ok...things happen.)
No entanto, estes dias passaram e o seu aspecto não me alegrava...na terça feira passada, pela manhazinha, encontrei-o a boiar muito hirto e logo pensei, morreu! mas não...ainda deu sinal, deu-me um alento e tomei medidas de urgência_nova água,pedras decorativas todas fora,plantinha também! e fui de propósito ao miau-miau nessa manhã comprar novo recipiente de bolinhas(comida)
"Não te deixo morrer!!" este sentimento bateu tão forte como se fosse eu que tivesse de salvar-me...o instinto de sobrevivência veio ao de cima e todos os cuidados foram poucos...que ele estava doente não tinha dúvidas, pois nestas três manhãs uma "baba gelatinosa" flutuava na água que criteriosamente mudei, mas para meu contentamento o seu estado lentamente melhorou, hoje finalmente vi-o a interagir comigo como antes...vivaço e "comilão".
estou feliz, sinto que o ajudei que senti essa forte "energia". Julgo que o alimento poderia não estar bom, apesar de ainda apresentar-se dentro do prazo...o cheiro do recipiente não me cativou e pelo sim pelo não,mudei, porque algo estava a interferir com a sua saúde e acho que deu certo :)
Espero ter o meu amigo por muito mais tempo...afinal é com ele que "teimo" quem é que anda mais às voltas : se ele no seu aquário ou se eu nesta ilha "paraíso-prisão".
Desculpe.me, Lília, por esta historieta mas não pude deixar de partilhar, foi muita coicidência.
:)
Espero poder visitar os seus restantes blogs com mais tempo, mas por agora despeço-me atenciosamente

keep up the good work ok?

Filipa (seabubble@gmail.com)
 
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