segunda-feira, agosto 07, 2006
O porco do Ti Nóbrega
Lembro-me bem do Ti Nóbrega. Foi do meu tempo.
Lembro-me da forma engraçada como contava episódios do dia-a-dia. Lembro-me de ouvir falar dos seus dotes de leitura e das tardes em que se sentava à sombra de uma ameixieira, lendo profecias de um livro que ninguém sabe qual era.
Lembro-me do jeito especial que dava à boca ao falar e lembro-me de da alcunha pela qual era conhecido. Lembro-me de passar junto à casa dele, todos os dias, a caminho da escola ou da venda.
Ora, quando era mais novo, antes destas lembranças meio apagadas que guardo na memória, o Ti Nóbrega trabalhava nos cestos, na Tenda do Ti Cláde.
Um certo dia, depois de ter ido almoçar a casa, gabou-se aos outros trabalhadores da tenda do porco que tinha no chiqueiro, a engordar para a festa.
"Aquilo é que é um porco!" Contou que tinha chegado à beira do chiqueiro e o porco estava dentro da gabana. Depois começou a sair: "Ele foi saindo, foi saindo, foi saindo...." Parece que estou a ver a cara dos colegas de trabalho do Ti Nóbrega, perante aquele porco, tão grande que nunca mais acabava de sair da gabana. Quando finalmente saiu todo para fora, ele conluiu: "Deitei-lhe três folhas de couve, ele ficou arquejando!"
Deve ter sido gargalhada geral. Imagino. De tal forma que esta expressão sobreviveu ao porco e ao próprio Ti Nóbrega, que Deus tenha a sua alma.
Sempre que alguém exagera numa descrição, seja animal, objecto, até pessoa, lá vem a expressão: "Isso é pior que o porco do Ti Nóbrega". "Foi saindo, foi saindo, foi saindo...."
A expressão final, das três folhas de couve que deixaram o porco arquejando, isto é farto, veio provar o exagero da descriçao, porque um porco tão grande como ele descrevia, com certeza não ficaria cheio com tão pouco.
"O porco foi saindo, foi saindo, foi saindo, foi saindo.............depois deitei-lhe três folhas de couve, ele ficou arquejando." É impressionanate a quantidade de vezes que esta simples história é recordada.
O povo tem um faro especial para detectar exageros, lá isso tem. E não desperdiça a oportunidade de recordar uma pessoa e uma história do passado. Lembram-se dela rindo. Era assim, com uma qualquer história que tornasse as pessoas mais contentes, que eu gostava que se lembrassem de mim.
Lembro-me da forma engraçada como contava episódios do dia-a-dia. Lembro-me de ouvir falar dos seus dotes de leitura e das tardes em que se sentava à sombra de uma ameixieira, lendo profecias de um livro que ninguém sabe qual era.
Lembro-me do jeito especial que dava à boca ao falar e lembro-me de da alcunha pela qual era conhecido. Lembro-me de passar junto à casa dele, todos os dias, a caminho da escola ou da venda.
Ora, quando era mais novo, antes destas lembranças meio apagadas que guardo na memória, o Ti Nóbrega trabalhava nos cestos, na Tenda do Ti Cláde.
Um certo dia, depois de ter ido almoçar a casa, gabou-se aos outros trabalhadores da tenda do porco que tinha no chiqueiro, a engordar para a festa.
"Aquilo é que é um porco!" Contou que tinha chegado à beira do chiqueiro e o porco estava dentro da gabana. Depois começou a sair: "Ele foi saindo, foi saindo, foi saindo...." Parece que estou a ver a cara dos colegas de trabalho do Ti Nóbrega, perante aquele porco, tão grande que nunca mais acabava de sair da gabana. Quando finalmente saiu todo para fora, ele conluiu: "Deitei-lhe três folhas de couve, ele ficou arquejando!"
Deve ter sido gargalhada geral. Imagino. De tal forma que esta expressão sobreviveu ao porco e ao próprio Ti Nóbrega, que Deus tenha a sua alma.
Sempre que alguém exagera numa descrição, seja animal, objecto, até pessoa, lá vem a expressão: "Isso é pior que o porco do Ti Nóbrega". "Foi saindo, foi saindo, foi saindo...."
A expressão final, das três folhas de couve que deixaram o porco arquejando, isto é farto, veio provar o exagero da descriçao, porque um porco tão grande como ele descrevia, com certeza não ficaria cheio com tão pouco.
"O porco foi saindo, foi saindo, foi saindo, foi saindo.............depois deitei-lhe três folhas de couve, ele ficou arquejando." É impressionanate a quantidade de vezes que esta simples história é recordada.
O povo tem um faro especial para detectar exageros, lá isso tem. E não desperdiça a oportunidade de recordar uma pessoa e uma história do passado. Lembram-se dela rindo. Era assim, com uma qualquer história que tornasse as pessoas mais contentes, que eu gostava que se lembrassem de mim.
Comments:
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Bonita a história e faz-me lembrar um episódio passado na minha infância: O meu quando chegada a casa ao fim do dia tinha por hábito ir ao pé do xiqueiro ver como estava o porco. Certo dia, ao verificar que o porco estava "engamelando" de fome, chegou à cozinha, onde estavamos sentado a jantar e perguntou:
- Quem foi que deitou comer demais ao porco que ele está "empandeirado" que nem se levanta? Minha avó, que Deus a tenha, para não lhe atribuirem culpas, na sua inocência diz:
- Olha, eu cá inda hoje não foi sequer ao pé do chiqueiro.
Pudera, nem ela, nem ninguém! e Assim o meu pai conseguia saber quem naquele dia esquecera de deitar ceia ao porco e provoca, depois, algumas gargalhadas.
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- Quem foi que deitou comer demais ao porco que ele está "empandeirado" que nem se levanta? Minha avó, que Deus a tenha, para não lhe atribuirem culpas, na sua inocência diz:
- Olha, eu cá inda hoje não foi sequer ao pé do chiqueiro.
Pudera, nem ela, nem ninguém! e Assim o meu pai conseguia saber quem naquele dia esquecera de deitar ceia ao porco e provoca, depois, algumas gargalhadas.
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