terça-feira, agosto 29, 2006
No alto daquela serra
Numa agradável troca de memórias com uma amiga, também apreciadora de todas as vertentes da nossa cultura popular, dei por mim a cantar uma das cantigas de roda da minha infância. Ela não conhecia. Voltei a cantar. E enquanto cantava vi-me de mãos dadas, numa roda constituída por outras meninas de bata branca e tranças com laços de fita, na estrada em frente da Escola do Pinheirinho, onde muito raramente passavam carros.
"No alto daquela serra,
no alto daquela serra,
está um lenço, está um lenço a acenar.
Está um lenço, está um lenço a acenar.
Está dizendo viva, viva,
está dizendo viva, viva
morra quem, morra quem não sabe amar.
Morra quem, morra quem não sabe amar.
Joelha aos meus pés e reza,
joelha aos meus pés e reza,
a tua, a tua linda oração.
A tua, a tua linda oração.
Levanta-te e dá-me um beijo,
levanta-te e dá-me um beijo,
amor do, amor do meu coração.
Amor do, amor do meu coração."
Por um momento, voltei a ser pequenina. Por um momento, fui inteiramente feliz.
"No alto daquela serra,
no alto daquela serra,
está um lenço, está um lenço a acenar.
Está um lenço, está um lenço a acenar.
Está dizendo viva, viva,
está dizendo viva, viva
morra quem, morra quem não sabe amar.
Morra quem, morra quem não sabe amar.
Joelha aos meus pés e reza,
joelha aos meus pés e reza,
a tua, a tua linda oração.
A tua, a tua linda oração.
Levanta-te e dá-me um beijo,
levanta-te e dá-me um beijo,
amor do, amor do meu coração.
Amor do, amor do meu coração."
Por um momento, voltei a ser pequenina. Por um momento, fui inteiramente feliz.