sábado, junho 17, 2006

No céu em vida

No meio de uma descrição entusiasmada, em que tentava transmitir a quem ouvia a alegria da neta (ou era do neto, já não me lembro bem), perante uma determinada circunstância, a senhora Maria decidiu abreviar da seguinte maneira: "Ela estava no céu em vida!"
Eu estava um pouco afastada, e não meti o bedelho. A conversa era para toda a gente, o que estava a ser contado era para quem quisesse ouvir, mas apeteceu-me ficar no meu canto, calada.
Para dar ênfase à alegria da criança, a avó repetia: "Estava no céu em vida." Da forma que o disse, parecia querer deixar claro que talvez só as crianças, na sua alegre ingenuidade, pudessem aproximar-se desse estado de "céu em vida".
Ou talvez seja apenas uma interpretação minha. É o mais certo.
Estar "no céu em vida" era do que eu precisava agora. Sentir a despreocupada alegria das crianças. Ingenuamente acreditar em tudo. Tudo querer e tudo poder. Ter mais certezas do que dúvidas. Ter esperança, apesar de tudo o que obriga a não a ter.

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