segunda-feira, maio 22, 2006
Viloazinhas
Estas duas viloazinhas foram foram feitas com dois botões de papoila, que apanhei na berma de uma estrada, de propósito para dar à minha mãe esse gosto antigo.
Fiquei a olhá-la enquanto se tornava menina. Com gestos precisos, de quem não esquece as coisas verdadeiramente importantes mesmo que pareçam pequenas, explicou-me com vagar o melhor método para obter estas bonecas minúsculas, vestindo o traje típico da Madeira.
Esta era uma das brincadeiras de todas as crianças nesse tempo em que as papoilas espreitavam por entre as espigas nos trigais.
Escolhe-se um botão ainda todo fechado. Com cuidado, abre-se o botão em dois e puxam-se para fora as pétalas vermelhas, todas amarrotadas. Fica a saia pronta, encimada pelas duas partes da capa. Falta apenas a cabeça da viloazinha, que mais não é do que a parte que guarda as sementes, retirada do sítio e encaixada no pequeno caule, acima da capa. E já está.
Duas pequenas viloazinhas aninhadas na mão da minha mãe. Ficou a olhá-las com carinho, recordando. E contando porque sabe como eu gosto de ouvir contar. Obrigada, mãe.
Comments:
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Boa tarde Lília
Cada vez tenho mais pena de não ter crescido na Pérola do Atlântico.Teria sido uma infância bem mais feliz.As nossas brincadeiras na aldeia eram bem mais monótonas e sem essa magia que descreve.
Vou passando por cá.
Um beijo
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Cada vez tenho mais pena de não ter crescido na Pérola do Atlântico.Teria sido uma infância bem mais feliz.As nossas brincadeiras na aldeia eram bem mais monótonas e sem essa magia que descreve.
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