sábado, janeiro 07, 2006

O velho, as mesas e os bancos

Não me lembro de ver grupos a cantar os reis nas casas da minha infância. Nem na dos meus pais, nem na dos meus avós, nem na dos meus tios. Talvez o costume tivesse existido também naquela zona alta da freguesia do Caniço, mas em tempos mais antigos.
A única lembrança que guardo é a de uma cantiga que a minha mãe nos ensinou certa vez, dizendo-nos para a irmos cantar a casa dos meus tios, no terreiro. Essa cantiga sempre me intrigou e tenho na ideia as muitas perguntas que fazia à minha mãe, na tentativa de lhe encontrar uma explicação.

Afastai as mesas,
Afastai os bancos
Que aqui vem um velho
de cabelos brancos.

Afastai os bancos,
Afastai as mesas
Qu'aqui vem um velho
C'as canelas tesas.

Afastar as mesas e os bancos para quê? Ora essa. Para bailar. Para ficar espaço livre dentro de casa para bailar. E porque é que o velho tinha as canelas tesas, mãe? E porque é que....?

Comments:
Conheço uma versão da cantiga dos reis que acaba exactamente dessa maneira,
Abri-nos as portas
Afastai as bancas
Que aqui vêm os reis
De gadelhas brancas
É uma das versões da cantiga dos reis que conheço, em que se cantava o verso a solo sem música e todos cantavam o coro com musica, talvez sejam resquícios dessa versão porque ela era cantada mais ou menos pela zona onde a Lília mora. Só agora li este pequeno texto, costumo ler todo o seu blog, não sei como ma escapou este!
 
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