quarta-feira, janeiro 04, 2006
Eu não brinco....
"Eu não brinco àqueles sapatinhos acolá, naquelas jarrinhas." As jarrinhas são solitários antigos, que pertenceram à minha avó. Estão encardidos, com as marcas do tempo, mas guardo-os com grande estimação e mantenho-os em lugar de destaque na sala. Este ano meti em cada uma dessas "jarrinhas" um sapatinho, a completar as humildes decorações natalícias.
Na habitual "visita da Festa", a minha mãe reparou na lapinha que voltei a fazer em cima da mesa de metro que também foi da minha avó e disse que lhe faltava a toalha branca de renda à ponta. Depois demorou-se um pouco a admirar o arranjo que fiz sobre a mesa grande. Aí, achou que devia ser outro o "centro" sobre o qual coloquei o arranjo: disse que ficaria melhor um centro com motivos natalícios, em vez do bordado simples que me ofereceu e que exibo com orgulho.
Prosseguindo a minuciosa apreciação, afinal bem característica das "visitas da Festa" (com a diferença de que em casas estranhas não se dizem as coisas com esta confiança), deteve então o olhar nos meus solitários antigos, menos solitários neste Natal graças aos sapatinhos com que os enfeitei. "Eu não brinco àqueles sapatinhos acolá, naquelas jarrinhas."
Sorriu. "Eu não brinco àqueles sapatinhos." Continuou com a explicação, desta vez sem eu ter perguntado, adivinhando já o meu interessa por mais uma expressão que não faz parte do meu vocabulário. "Quando se estava todas em casa (ou seja, quando ainda eram solteiras), dizia-se "eu não brinco" quando não se gostava de uma coisa. Registei mentalmente a expressão. Estando ocupada a preparar o jantar não fiz mais perguntas, mas lembro-me de ter pensado nos inúmeros jogos a que se brincava antigamente, arranjando uma súbita lógica para a expressão da minha mãe. Mas eu brinco e os sapatinhos continuam a enfeitar os velhos solitários da minha avó que guardo com tanta estimação.
Na habitual "visita da Festa", a minha mãe reparou na lapinha que voltei a fazer em cima da mesa de metro que também foi da minha avó e disse que lhe faltava a toalha branca de renda à ponta. Depois demorou-se um pouco a admirar o arranjo que fiz sobre a mesa grande. Aí, achou que devia ser outro o "centro" sobre o qual coloquei o arranjo: disse que ficaria melhor um centro com motivos natalícios, em vez do bordado simples que me ofereceu e que exibo com orgulho.
Prosseguindo a minuciosa apreciação, afinal bem característica das "visitas da Festa" (com a diferença de que em casas estranhas não se dizem as coisas com esta confiança), deteve então o olhar nos meus solitários antigos, menos solitários neste Natal graças aos sapatinhos com que os enfeitei. "Eu não brinco àqueles sapatinhos acolá, naquelas jarrinhas."
Sorriu. "Eu não brinco àqueles sapatinhos." Continuou com a explicação, desta vez sem eu ter perguntado, adivinhando já o meu interessa por mais uma expressão que não faz parte do meu vocabulário. "Quando se estava todas em casa (ou seja, quando ainda eram solteiras), dizia-se "eu não brinco" quando não se gostava de uma coisa. Registei mentalmente a expressão. Estando ocupada a preparar o jantar não fiz mais perguntas, mas lembro-me de ter pensado nos inúmeros jogos a que se brincava antigamente, arranjando uma súbita lógica para a expressão da minha mãe. Mas eu brinco e os sapatinhos continuam a enfeitar os velhos solitários da minha avó que guardo com tanta estimação.
Comments:
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guarda sempre todas as pequenas coisas que um dia mais tarde te farão estar mais perto daqueles que um dia amaste(e ainda amas) mas que,infelizmente,já não estão presentes
beijinho:)
beijinho:)
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