segunda-feira, outubro 24, 2005

O Lavrador da Arada


O Lavrador da Arada
encontrou um pobrezinho
o pobrezinho lhe disse
leva-me no teu carrinho
deu a mão o lavrador
no seu carrinho o metia
levou-o p'ra sua casa
p'ra melhor sala que tinha
manou-lhe fazer a ceia
do melhor manjar que havia
sentou-o na sua mesa
mas o pobre não comia
Mandou-lhe fazer a cama
da melhor seda que havia
por cima damasco roxo
por baixo cambraia fina
daquela noite em diante
o pobrezinho gemia
levantou-se o lavrador
a ver o que o pobre tinha
achou-o crucificado
numa cruz de prata fina
Meu Deus se eu soubera
o que a minha casa hoje tinha
mandara fazer preparos
do melhor que encontraria
- Cala-te ai lavrador
não fales com fantasia
no céu te tenho guardado
a cadeira de prata fina
tua mulher a teu lado
que também a merecia


Esta história foi-me relatada pela minha mãe no dia 28-10-1993. Era um dos textos do livro da terceira classe do meu tio João, o irmão mais novo da minha mãe. Ele frequentou a terceira classe em 1952, tinha a minha mãe doze anos. Registei-o sem potuação porque nunca vi o texto escrito, nem sei sequer se ele tinha esta forma ou não, fui formando os versos ao ritmo da declamação da minha mãe.
A minha mãe adorava a história do lavradaor da arada e decorou-a até hoje. Tem piada as coisas que escolhemos para guardar nos quartos ilumiados da memória, enquanto outras, à partida parecendo bem mais importantes, permanecem para sempre em quartos escuros e escondidos.

Comments:
Conheço também a história de uma viuva muito pobre que recebeu uma carta a informar que Jesus passaria por sua casa.
A viuva foi de imediato comprar pão,vinho,e bacalhau.
De caminho,encontrou uma casal,com frio e fome,que lhe pediu ajuda.
A viuva pensou que Jesus entenderia,e deu-lhes o pão,o bacalhau e o vinho para que matassem a fome.
Quando chegou a casa,encontrou uma carta a dizer:

"obrigada,tanto o pão,como o bacalhau e o vinho estavam óptimos!
Jesus"
 
Acabei de colocar o "O Lavrador da arada" no meu blogue (www.viladeanteira.blogspot.com) e cheguei aqui via Google.
Agora vou ler o seu blogue...
 
Very cool design! Useful information. Go on! » »
 
Adoro esta poesia, como tantas daquele tempo, mas n. me lembro do nome do autor. G. Junqueiro ou nao?
 
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