sexta-feira, setembro 16, 2005
Com meia ou sem meia?
Esta expressão deve-se à mesma Maria que instituiu o hábito de perguntar a quem se faz esquisito se quer um quarto de cento de laranjas.
Pois bem, conta-se que a Maria antes de ir para a missa ao domingo, ficava por vezes indecisa sobre a roupa que ia usar e respectivos acessórios.
Certo domingo, no meio da terrível indecisão sobre se levava sapatos com meias ou sapatos sem meias, resolveu o caso da seguinte forma: Num pé, calçou a meia e o sapato e no outro pé apenas o sapato. E assim se dirigiu até ao local onde se encontrava a mãe e perguntou-lhe: "Assim, com meia ou sem meia?"
Devo referir que nesta parte da história, sempre que a ouvi contar, a pronúncia e o tom de voz da Maria são inevitavelmente imitados. O tom é de baboseira, já se sabe. E talvez seja por isso mesmo que este simples acto da Maria ficou na história. Quem se podia permitir essas baboseiras naqueles tempos? Em casa dos meus avós, uma casa de oito filhos, seria impensável aa minha mãe ou alguma das minhas tias ir importunar as lides diárias da mãe, com um pé sem meia e outro com meia.
O caso da Maria era uma excepção e por isso é que chegou ao conhecimento da minha geração. Por isso também se transformou numa expressão que se utiliza ainda nas mais diversas situações quando há a possibilidade de optar entre duas situações diferentes: "Com meia ou sem meia?" Uma expressão com sentido figurado que eu própria já utilizei muitas vezes.
Mas ontem à noite lembrei-me dela no seu sentido mais empírico e original. De repente, estava eu ali, qual mãe da Maria do quarto de cento de laranjas, com a tarefa de dar um parecer enquanto a minha menina vestia e despia roupa, calçava e descalçava sapatos. Ela de nada gostava, a tudo punho defeitos, de tudo se queixava e nenhuma das minhas sugestões parecia satisfazê-la. Cheguei a vê-la desfeita em lágrimas, tal a dificuldade em escolher a roupa que hoje deveria levar ao aniversário de uma amiga.
A determinada altura, por entre lágrimas e teimas, e agora na fase dos sapatos, eu sugeri-lhe que calçasse num pé uma das sapatilhas brancas com uma meia pequenina e no outro pé uma das sandálias que ela insistia em preferir. Ela assim fez e decidiu que ficava bem melhor como eu tinha dito, neste caso com sapatilha e com meia.
Enfim, não venham males maiores ao mundo. Afinal, sou mãe de uma pré-adolescente e hoje os tempos são outros. "Com meia ou sem meia?" É bom poder escolher.
Pois bem, conta-se que a Maria antes de ir para a missa ao domingo, ficava por vezes indecisa sobre a roupa que ia usar e respectivos acessórios.
Certo domingo, no meio da terrível indecisão sobre se levava sapatos com meias ou sapatos sem meias, resolveu o caso da seguinte forma: Num pé, calçou a meia e o sapato e no outro pé apenas o sapato. E assim se dirigiu até ao local onde se encontrava a mãe e perguntou-lhe: "Assim, com meia ou sem meia?"
Devo referir que nesta parte da história, sempre que a ouvi contar, a pronúncia e o tom de voz da Maria são inevitavelmente imitados. O tom é de baboseira, já se sabe. E talvez seja por isso mesmo que este simples acto da Maria ficou na história. Quem se podia permitir essas baboseiras naqueles tempos? Em casa dos meus avós, uma casa de oito filhos, seria impensável aa minha mãe ou alguma das minhas tias ir importunar as lides diárias da mãe, com um pé sem meia e outro com meia.
O caso da Maria era uma excepção e por isso é que chegou ao conhecimento da minha geração. Por isso também se transformou numa expressão que se utiliza ainda nas mais diversas situações quando há a possibilidade de optar entre duas situações diferentes: "Com meia ou sem meia?" Uma expressão com sentido figurado que eu própria já utilizei muitas vezes.
Mas ontem à noite lembrei-me dela no seu sentido mais empírico e original. De repente, estava eu ali, qual mãe da Maria do quarto de cento de laranjas, com a tarefa de dar um parecer enquanto a minha menina vestia e despia roupa, calçava e descalçava sapatos. Ela de nada gostava, a tudo punho defeitos, de tudo se queixava e nenhuma das minhas sugestões parecia satisfazê-la. Cheguei a vê-la desfeita em lágrimas, tal a dificuldade em escolher a roupa que hoje deveria levar ao aniversário de uma amiga.
A determinada altura, por entre lágrimas e teimas, e agora na fase dos sapatos, eu sugeri-lhe que calçasse num pé uma das sapatilhas brancas com uma meia pequenina e no outro pé uma das sandálias que ela insistia em preferir. Ela assim fez e decidiu que ficava bem melhor como eu tinha dito, neste caso com sapatilha e com meia.
Enfim, não venham males maiores ao mundo. Afinal, sou mãe de uma pré-adolescente e hoje os tempos são outros. "Com meia ou sem meia?" É bom poder escolher.