quarta-feira, agosto 31, 2005
Chãos das Faticeiras
Antigamente havia "faticeiras". As pessoas tinham medo de andar de noite e aconteciam coisas estranhas, todas atribuidas às "faticeiras". Lembro-me de ouvir contar muitas dessas histórias e de também ficar com medo. Mas apenas algum. Não me lembro, por exemplo, de ter tido medo de passar em locais com terra vermelha, chamada "salão".
Nas gerações anteriores, dos meus avós e dos meus pais, os chãos de terra vermelha eram conhecidos como os locais onde as "faticeiras" se reuniam e como tal as pessoas tinham medo de lá passar.
Eram quatro os locais de "salão" por onde a minha mãe e os meus tios tinham por vezes de passar, não havia forma de escapar a essa passagem.
Um desses lugares era atrás do palheiro do Ti Manel Semião, onde era obrigatório passar na ida para a venda do China e também para a Casa do Ti João da Rocha, onde ficava a padaria. Diz o meu tio José Manuel: "Quando meu pai estava irritado comigo, mandava-me à noite comprar tabaco à venda do China. Eu ia numa carreira e vinha, com medo."
Outro desses locais predilectos das "faticeiras" era o Chãozinho do Ti Zé Coelho, na descida do Pinheirinho. O terceiro era o Chãozinho da Vintoa, quase no Caniço, local difícil de evitar porque ficava no caminho da missa. Nesse mesmo local havia uma parede então conhecida como "a parede do Cabeça Branca", porque a família que morava em frente dizia que aparecia nessa parede "uma cabeça branca".
Havia ainda o Chão da "Maceieira", na zona do Tornador, onde actualmente está em construção o novo cemitério do Caniço.
Nestes dois últimos chãos de "faticeiras" se passei em pequena foram muito poucas vezes. Mas nos outros dois, atrás do palheiro do Ti Manel Semião e no Chãozinho da Vintoa, no Pinheirinho, fartei-me de passar. Talvez me tenha cruzado com alguma "faticeira", mas não a reconheci. Devia estar disfarçada de pessoa normal. Já não existem "faticeiras" mas essa arte algumas pessoas continuam a dominar muito bem.
Nas gerações anteriores, dos meus avós e dos meus pais, os chãos de terra vermelha eram conhecidos como os locais onde as "faticeiras" se reuniam e como tal as pessoas tinham medo de lá passar.
Eram quatro os locais de "salão" por onde a minha mãe e os meus tios tinham por vezes de passar, não havia forma de escapar a essa passagem.
Um desses lugares era atrás do palheiro do Ti Manel Semião, onde era obrigatório passar na ida para a venda do China e também para a Casa do Ti João da Rocha, onde ficava a padaria. Diz o meu tio José Manuel: "Quando meu pai estava irritado comigo, mandava-me à noite comprar tabaco à venda do China. Eu ia numa carreira e vinha, com medo."
Outro desses locais predilectos das "faticeiras" era o Chãozinho do Ti Zé Coelho, na descida do Pinheirinho. O terceiro era o Chãozinho da Vintoa, quase no Caniço, local difícil de evitar porque ficava no caminho da missa. Nesse mesmo local havia uma parede então conhecida como "a parede do Cabeça Branca", porque a família que morava em frente dizia que aparecia nessa parede "uma cabeça branca".
Havia ainda o Chão da "Maceieira", na zona do Tornador, onde actualmente está em construção o novo cemitério do Caniço.
Nestes dois últimos chãos de "faticeiras" se passei em pequena foram muito poucas vezes. Mas nos outros dois, atrás do palheiro do Ti Manel Semião e no Chãozinho da Vintoa, no Pinheirinho, fartei-me de passar. Talvez me tenha cruzado com alguma "faticeira", mas não a reconheci. Devia estar disfarçada de pessoa normal. Já não existem "faticeiras" mas essa arte algumas pessoas continuam a dominar muito bem.
Comments:
<< Home
Ola Lília!
Apesar de não ser da mesma geração que os teus tios,ou mesmo tu,relembro muito bem esse mito,e senti várias vezes esse mesmo medo...muitas vezes quando me mandavam fazer um recado,ou ir dar alguma "volta" eu ia e vinha com sete pernas lol,acho que por vezes o medo das faticeiras era tanto que "nem tocava com os pes no chão".
Hoje,essas faticeiras perderam a fama que tinham,mas para nosso mal,existem outras bem piores,e bem reais...
Um Beijo*
Apesar de não ser da mesma geração que os teus tios,ou mesmo tu,relembro muito bem esse mito,e senti várias vezes esse mesmo medo...muitas vezes quando me mandavam fazer um recado,ou ir dar alguma "volta" eu ia e vinha com sete pernas lol,acho que por vezes o medo das faticeiras era tanto que "nem tocava com os pes no chão".
Hoje,essas faticeiras perderam a fama que tinham,mas para nosso mal,existem outras bem piores,e bem reais...
Um Beijo*
Olá Lília, boa noite!
Excelente blog este!
Cá na minha terra, Camacha, haviam muitas "faticeiras", obrigavam os homens a carregá-las ás costas até casa, os caminhos apareciam cheios de silvado, não se podia passar. As rochas de Gaula era um dos seus sítios predilectos, parece que passeavam para baixo e para cima toda a noite, deviam estar em festa. Admiro a formna com que passa para a escrita, as expressões que tanto ouvia da boca dos meus pais e dos meus avós! Continue, estamos cá para as ler, no mínimo 2 ou 3 vezes por semana venho cá ver se há novidades! Bem haja!
Postar um comentário
Excelente blog este!
Cá na minha terra, Camacha, haviam muitas "faticeiras", obrigavam os homens a carregá-las ás costas até casa, os caminhos apareciam cheios de silvado, não se podia passar. As rochas de Gaula era um dos seus sítios predilectos, parece que passeavam para baixo e para cima toda a noite, deviam estar em festa. Admiro a formna com que passa para a escrita, as expressões que tanto ouvia da boca dos meus pais e dos meus avós! Continue, estamos cá para as ler, no mínimo 2 ou 3 vezes por semana venho cá ver se há novidades! Bem haja!
<< Home