segunda-feira, agosto 08, 2005

Bichos anunciadores de presentes


Hoje recebi um presente embora nenhum gato tivesse olhado para mim logo depois de se ter lavado como fazem os gatos, lambendo as mãos e a cara.
Eu não sabia desta crença. Não me lembro de alguma vez a ter ouvido e até pensei que a minha mãe, o meu pai e o meu tio estivessem a brincar comigo, por saberem deste meu gosto por palavras, dizeres e tradições.
Era a sério, afinal. Quando um gato olha para nós imediatamente a seguir a esse hábito de higiene, está a indicar que vamos receber um presente.
O animal que eu recordo como anunciador de presentes e o bicho-frade, um insecto pequeno, todo verde, que costuma aparecer muito nos silvados no tempo das amoras e também no feijão. Vem-me logo à ideia o cheiro característico desses pequenos bichos-frade, não lhes conheço outro nome. A minha avolita dizia que era bom encontrar um e que nunca o devemos matar. Devemos guardá-lo e não dizer a ninguém. Devemos guardar segredo do nosso bicho-frade para recebermos o anunciado presente.
A minha mãe conta, e hoje voltou a fazê-lo no seguimento da conversa, que em pequena sempre que encontrava um bicho frade a minha avolita o guardava dentro de um papelinho, que amarrava com uma linha. Não eram tempos de desperdiçar nada, nem sequer a possibilidade de um presente.
São outros os tempos mas um presente sabe sempre tão bem! A minha amiga Rosa ofereceu-me umas sandálias cor-de-rosa, muito bonitas, como presente de anos, que já fiz há três semanas. Por isso mesmo foi um presente inesperado. Não foi anunciado por nenhum gato que para mim olhasse depois de se ter lavado, nem por nenhum bicho frade encontrado num silvado. Foi um presente não anunciado e ainda soube melhor.

Comments:
Uma superstição do Norte é que nos dão um presente se vestirmos por engano a roupa ao contrário. lembreime disso recentemente, por causa de uma blusa que tenho e que visto muito do avesso.
E recebemos uma carta se nos aparecer uma aranhita das pequenas - agora deve ser um email.
Gostava de saber se há aí tradições relativas Às amoras, como a que conto agora no meu blogue.
 
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