segunda-feira, agosto 22, 2005
As asas das xícaras
É uma entre muitas histórias de gaulesas e gauleses que ouço contar desde a infância. Uma história simples e curta, que garantem ser verídica e que sempre vi arrancar gargalhadas de todas as vezes que a ouvi contar.
Ora bem, um dia uma gaulesa foi à cidade comprar xícaras. xícaras e não chávenas. Xícara é uma palavra que continuo a ouvir diariamente em casa dos meus pais, um dos raros casos em que a palavra que aprendi ficou a salvo, guardada na atmosfera aconchegante da cozinha, embora em espaço renovado.
A gaulesa chegou à loja e pediu ao vendeiro as xícaras que queria comprar. O vendeiro foi buscar as xícaras e colocou-as em cima do balcão. Calhou de ficarem com as asinhas viradas para a esquerda.
A gaulesa olhou para as xícaras e disse: "Eu não quero essas. Eu quero é com as asinhas para a direita." O vendeiro não fez mais nada: pegou nelas e levou-as dali. Regressou momentos depois com as mesmas xícaras mas desta vez teve o cuidado de colocá-las com as asinhas para a direita.
A minha mãe volta a rir-se com a história, que diz ter sido verdade, embora pareça mais uma anedota. "Olha, depois eu já não sei bem como foi, não sei se ele levou mais dinheiro por terem a asa para a direita." Isso ainda teria mais piada, pois sim.
O meu pai e o meu tio ouvem a história e voltam a rir-se, enquanto eu, claro está, a anoto num pequeno papel para não me esquecer, apesar de já a ter ouvido não sei quantas vezes ao longo da minha vida.
Também me divirto. E fico com vontade de chegar a casa, entrar na cozinha e arranjar forma de utilizar a palavra acordada pela história da gaulesa. A palavra xícara. Dita de forma rápida, de forma a soar como antigamente. "Passa-me uma xícra." "Tem cuidado que a xícra 'tá quente."
"Não derrames o leite da xícra." "Eu aqui sem poder e ele não me lava nem sequer uma xícra."
Ora bem, um dia uma gaulesa foi à cidade comprar xícaras. xícaras e não chávenas. Xícara é uma palavra que continuo a ouvir diariamente em casa dos meus pais, um dos raros casos em que a palavra que aprendi ficou a salvo, guardada na atmosfera aconchegante da cozinha, embora em espaço renovado.
A gaulesa chegou à loja e pediu ao vendeiro as xícaras que queria comprar. O vendeiro foi buscar as xícaras e colocou-as em cima do balcão. Calhou de ficarem com as asinhas viradas para a esquerda.
A gaulesa olhou para as xícaras e disse: "Eu não quero essas. Eu quero é com as asinhas para a direita." O vendeiro não fez mais nada: pegou nelas e levou-as dali. Regressou momentos depois com as mesmas xícaras mas desta vez teve o cuidado de colocá-las com as asinhas para a direita.
A minha mãe volta a rir-se com a história, que diz ter sido verdade, embora pareça mais uma anedota. "Olha, depois eu já não sei bem como foi, não sei se ele levou mais dinheiro por terem a asa para a direita." Isso ainda teria mais piada, pois sim.
O meu pai e o meu tio ouvem a história e voltam a rir-se, enquanto eu, claro está, a anoto num pequeno papel para não me esquecer, apesar de já a ter ouvido não sei quantas vezes ao longo da minha vida.
Também me divirto. E fico com vontade de chegar a casa, entrar na cozinha e arranjar forma de utilizar a palavra acordada pela história da gaulesa. A palavra xícara. Dita de forma rápida, de forma a soar como antigamente. "Passa-me uma xícra." "Tem cuidado que a xícra 'tá quente."
"Não derrames o leite da xícra." "Eu aqui sem poder e ele não me lava nem sequer uma xícra."