segunda-feira, abril 18, 2005

Nã faimunga

"Nã faimunga". Sempre que vem à Madeira, nas suas viagens de saudade, um dos meus tios, emigrante no Brasil, repete vezes sem conta esta expressão. Dá-lhe gosto, estando nos lugares da meninice e da juventude, usar expressões que eram correntes nesse tempo. "Nã faimunga." Nos mais variados contextos, lá está ele com a expressão. Às vezes em amena conversa à volta da mesa da cozinha, outras vezes no meio de uma bisca renhida com o meu pai. "Nã faimunga", afirma, rindo-se de contentamento. Quer dizer que não é preciso, não é necessário mais nada, que ele apenas estando aqui, está feliz da vida. "Nã faimunga" significa "Não faz míngua." Tem lógica. Não é preciso. Não faz mal. Está tudo bem assim. Não se preocupem.
Hoje apetece-se repetir, a torto e a direito, a expressão de que o meu tio José Manuel tanto gosta. Estou algo triste, talvez decepcionada, melhor dizendo. Tem tanta razão o povo quando diz que o mais reles de conhecer é gente. Mas é também do mais interessante e grandioso que existe. Por isso, eu encolho os ombros, olho para as desilusões e digo, calmamente e um um ar divertido parecido com o do meu tio: "Nã faimunga". Entre uma situação e outra, tenho tanta sorte, que me sinto a ganhar.

Comments:
É necessário sermos sábios para distinguir uns dos outros. Os que nos desiludem fazem parte das traseiras das nossas vidas.
 
Não faz míngua = não faz falta
 
Keep up the good work » » »
 
Na minha terrinha agente se diz "nafaiminga" que quer dizer a mesma coisa... como e tao giro a mesma palavra ser dita de varias maneiras em varias zonas da Madeira :)
 
Postar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!