quinta-feira, março 17, 2005
A gargantilha
Estava a ver a montra de uma ourivesaria, para fazer tempo, quando entrou uma mulher e pediu uma gargantilha. Uma gargantilha. As minhas tias tinham gargantilhas de ouro, sim senhora, e uma delas, bordadeira muito esperta acho que tinha até uma gargantilha e um cordão, que dava muitas voltas, igual ao que a minha avó mantinha ao pescoço da pequena imagem do menino Jesus, com uma fotografia do meu avô quando era jovem.
O homem da ourivesaria apontou para um local específico na montra, mas não, a gargantilha não era daquelas. A mulher queria uma gargantilha com pingentes maiores, e com uma flor grande ao meio, com pedras, exactamente igual às de antigamente. Eu já ia sair mas demorei-me mais, a ouvir a conversa e a imaginar em que situação, hoje em dia, uma pessoa usaria uma das tais gargantilhas e em que figura ficaria. A mulher não desistia da gargantilha e o senhor da ourivesaria disse que podia encomendar, daqui a um mês já a teria. "E é muito dinheiro?" "Uns mil e tal euros, já viu a quantidade de ouro, a grossura dela?" "Ena, c'a carroçaria" - rematou a mulher e saiu da loja, sem eu ter percebido se a encomenda tinha ficado assente ou não.
O homem da ourivesaria apontou para um local específico na montra, mas não, a gargantilha não era daquelas. A mulher queria uma gargantilha com pingentes maiores, e com uma flor grande ao meio, com pedras, exactamente igual às de antigamente. Eu já ia sair mas demorei-me mais, a ouvir a conversa e a imaginar em que situação, hoje em dia, uma pessoa usaria uma das tais gargantilhas e em que figura ficaria. A mulher não desistia da gargantilha e o senhor da ourivesaria disse que podia encomendar, daqui a um mês já a teria. "E é muito dinheiro?" "Uns mil e tal euros, já viu a quantidade de ouro, a grossura dela?" "Ena, c'a carroçaria" - rematou a mulher e saiu da loja, sem eu ter percebido se a encomenda tinha ficado assente ou não.