terça-feira, março 01, 2005

Cascas de ovos, carvão e pé de café

Visitei as minhas orquídeas, espalhadas aqui e além ao longo do quintal da minha mãe. Dezasseis vasos, no total. Os meus são diferentes dos da minha mãe e por isso as distinguimos, as minhas e as dela, no meio daquela confusão. Percorri o quintal com nostalgia e fiquei triste por vê-las apagadas, tão diferentes do que foram. Algumas estão moribundas. Mas as da minha mãe continuam bonitas, como é isso possível?
A minha mãe até tem cuidado bem delas, está claro que tem. No meio do percurso, olhando para um dos vasos, reparei num amontoado de cascas de ovos junto aos bolbos da orquídea. A inha mãe até lhes deitou cascas de ovos. Já não me lembrava que as cascas dos ovos fazem bem às orquídeas. Antigamente, também lhes deitavam carvão e pé de café. Todos os dias, a minha mãe dirigia-se até um cântaro de orquídeas e deitava-lhe o resto do café de cevada que tinha ficado no fundo da cafeteira.
Agora as minhas orquídeas até têm cascas de ovos, coisa que eu não me lembro de lhes deitado alguma vez, e no entanto nem sequer se parecem com aquilo que eram quando eu estava perto e começava o meu dia, sempre, com uma visita a todas as plantas do quintal. Não sei como conseguia tempo para isso, mas esse tempo parece que não contava. Era um tempo a mais, que existia só para os meus dias serem mais felizes. É disso que elas sentem falta. Apesar de todas as cascas de ovos, do carvão e do pé de café que possam beneficiar.

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