quinta-feira, fevereiro 10, 2005
Dedo mindinho, seu vizinho....
"Dedo mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolos, mata piolhos". Começa-se pelo dedo mindinho e acaba-se no polegar. Lembro-me de, muito pequena ainda, os adultos me pegarem nos dedos da mão, tocando neles, um a um, muito devagar como uma carícia, e irem repetindo esta espécie de lengalenga que indicava o nome pelo qual cada dedo era conhecido. Não o nome científico, mas o nome popular. Eu ficava encantada, mesmo quando ainda não percebia o que estavam a dizer. Gostava daquela carícia nos dedos e nos ouvidos, da voz que transmitia um conhecimento qualquer, que um dia haveria de entender.
Quando passei a entender as palavras, comecei a perguntar o que significavam e fiquei contente porque aqueles nomes tinham lógica. "Pai de todos porque é o dedo maior, já reparaste?" "Mata piolhos, porque é com este dedo, junto com o mesmo da outra mão, que se matam os piolhos que às vezes aparecem na cabeça dos meninos." Como é bom, quando tudo tem uma explicação simples e lógica, como os nomes atribuídos aos dedos da mão, nesta cantilena que também repeti à minha filha, com voz suave e uma carícia em cada dedo da mão pequenina, quando ela ainda não entendia nada do que eu estava a dizer.
Também lhe ensinei a outra lengalenga, que na verdade sempre foi a minha preferida: "Este foi à serra, este encontrou um perinho, este descascou, este provou e este disse que era bonzinho". Esta, pelo contrário, sempre me intrigou, não tinha a menor lógica. "Mãe, mas como é que este pode ter dito que era bonzinho, se foi o outro que o provou?" Lembro-me da pergunta mas não da resposta. Não devia haver nenhuma, era uma brincadeira e nem tudo precisa de ter explicação. Também é bom existirem mistérios como este e talvez por isso é que entre as duas, esta sempre foi a minha lengalenga preferida. "Este foi à serra, este achou um perinho, este descascou, este provou e este disse que era bonzinho." Para além do som encantatório da voz, e da carícia em cada dedo da mão, havia também o mistério. Ainda bem que a vida está cheio de mistérios, assim pequeninos, que não fazem mal a ninguém, mas nos levam além de uma simples carícia na ponta dos dedos e nos ouvidos.
Quando passei a entender as palavras, comecei a perguntar o que significavam e fiquei contente porque aqueles nomes tinham lógica. "Pai de todos porque é o dedo maior, já reparaste?" "Mata piolhos, porque é com este dedo, junto com o mesmo da outra mão, que se matam os piolhos que às vezes aparecem na cabeça dos meninos." Como é bom, quando tudo tem uma explicação simples e lógica, como os nomes atribuídos aos dedos da mão, nesta cantilena que também repeti à minha filha, com voz suave e uma carícia em cada dedo da mão pequenina, quando ela ainda não entendia nada do que eu estava a dizer.
Também lhe ensinei a outra lengalenga, que na verdade sempre foi a minha preferida: "Este foi à serra, este encontrou um perinho, este descascou, este provou e este disse que era bonzinho". Esta, pelo contrário, sempre me intrigou, não tinha a menor lógica. "Mãe, mas como é que este pode ter dito que era bonzinho, se foi o outro que o provou?" Lembro-me da pergunta mas não da resposta. Não devia haver nenhuma, era uma brincadeira e nem tudo precisa de ter explicação. Também é bom existirem mistérios como este e talvez por isso é que entre as duas, esta sempre foi a minha lengalenga preferida. "Este foi à serra, este achou um perinho, este descascou, este provou e este disse que era bonzinho." Para além do som encantatório da voz, e da carícia em cada dedo da mão, havia também o mistério. Ainda bem que a vida está cheio de mistérios, assim pequeninos, que não fazem mal a ninguém, mas nos levam além de uma simples carícia na ponta dos dedos e nos ouvidos.
Comments:
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Curioso o facto dessas lenga-lengas não se cingirem a um espaço ou um local específico, mas percorrerem a ilha.. e entenda-se que a lenga-lenga está mto bem conseguida. A tal sabedoria popular, neste caso dirigida às crianças :)
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