domingo, fevereiro 27, 2005
Comer muito milhinho
"Ainda vais ter de comer muito milhinho!" Traduzindo: faz-te falta experiência, ainda tens muito que aprender.
Esta expressão estava esquecida, algures na minha memória, e hoje ressuscitou. Acordou de repente e quando dei por mim, estava a sair-me da boca.
Não sei quantas vezes a terei ouvido, sendo-me directamente dirigida, durante toda a infância e juventude e até na idade adulta, porque os mais velhos têm muitas vezes razão naquilo que dizem, embora no momento raramente nos pareça que a tenham.
Hoje parece um pouco descabida a expressão, porque o milho já não é o prato mais consumido no dia-a-dia. Mas há uns cinquenta anos, nas famílias mais pobres, o milho era a base da alimentação.
A minha mãe conta que comiam milho praticamente todos os dias. Quando tinha peixe ou bacalhau para acompanhar era uma festa. Se não tinha, comiam o milho apenas com cebola, com ameixas ou até com nêsperas, se fosse o tempo delas.
Eu sempre gostei de milho. Mas há anos que não como aquela que era a minha parte preferida: o casco que se criava no fundo da panela.
A minha avó acabava de retirar o milho da panela grande, muito preta devido à ferrugem do lar, e, com a mesa cheia de pratos ainda a fumegar, gritava por mim de cima do terraço, para ir "rapar a panela". Eu retirava o casco do fundo com a ajuda de uma colher e depois também comia o milho que ficava colado nas paredes da panela e ficava deliciada com aquele almoço. Tenho saudades. As panelas de hoje se calhar já nem sequer criam casco, com todas as suas características anti-aderência.
Voltando à expressão que me fez reviver estas memórias: Eu também ainda "tenho de comer muito milhinho." É claro que sim e ainda bem que temos sempre coisas para aprender.
Esta expressão estava esquecida, algures na minha memória, e hoje ressuscitou. Acordou de repente e quando dei por mim, estava a sair-me da boca.
Não sei quantas vezes a terei ouvido, sendo-me directamente dirigida, durante toda a infância e juventude e até na idade adulta, porque os mais velhos têm muitas vezes razão naquilo que dizem, embora no momento raramente nos pareça que a tenham.
Hoje parece um pouco descabida a expressão, porque o milho já não é o prato mais consumido no dia-a-dia. Mas há uns cinquenta anos, nas famílias mais pobres, o milho era a base da alimentação.
A minha mãe conta que comiam milho praticamente todos os dias. Quando tinha peixe ou bacalhau para acompanhar era uma festa. Se não tinha, comiam o milho apenas com cebola, com ameixas ou até com nêsperas, se fosse o tempo delas.
Eu sempre gostei de milho. Mas há anos que não como aquela que era a minha parte preferida: o casco que se criava no fundo da panela.
A minha avó acabava de retirar o milho da panela grande, muito preta devido à ferrugem do lar, e, com a mesa cheia de pratos ainda a fumegar, gritava por mim de cima do terraço, para ir "rapar a panela". Eu retirava o casco do fundo com a ajuda de uma colher e depois também comia o milho que ficava colado nas paredes da panela e ficava deliciada com aquele almoço. Tenho saudades. As panelas de hoje se calhar já nem sequer criam casco, com todas as suas características anti-aderência.
Voltando à expressão que me fez reviver estas memórias: Eu também ainda "tenho de comer muito milhinho." É claro que sim e ainda bem que temos sempre coisas para aprender.