sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Cabra-Cega, de onde vens?

Com um lenço dobrado e bem amarrado à volta dos olhos, a cabra-cega aguardava no meio de uma roda, pela pergunta: " - Cabra-Cega, de onde vens?"
O jogo só começaria de facto, com a cabra-cega a tentar apanhar as outras crianças, quando se completasse o diálogo. Ela respondia:
- "Venho do Lombo do Moinho."
Continuava assim essa conversa obrigatória, enquanto as outras crianças se preparavam para a correria da praxe, com o intuito de não se deixarem apanhar:
- "O que trazes?"
- "Pão e Vinho."
- "Não me dás nada?"
- "Não."
- "Então anda à roda, Cabra-Cega."
Este "Anda à roda Cabra-Cega" era a deixa para ela começar a tentar apanhar algum dos colegas de brincadeira e para estes tentarem a todo o custo escapar-lhe.
Hoje as crianças ainda brincam à Cabra-Cega, mas esqueceram a parte mais importante. Já não há diálogo. Desapareceu aquele momento de espera, de antecipação, em que todos se preparavam para o jogo, repetindo esta espécie de lenga-lenga, ensinada pelos pais e pelos avós.
Hoje a minha filha brincou à Cabra-Cega na escola. Contou como foi: Não tinham lenço para dobrar cuidadosamente e amarrar à volta dos olhos da colega escolhida. Por isso, a venda da Cabra-Cega foi um boné puxado bem para a frente dos olhos. "E depois?", perguntei. Depois começaram a correr e ela a tentar apanhá-los. "E aquela conversa do início com a Cabra-Cega?" Ela não sabia. Eu ensinei-lhe e fiquei contente.

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