domingo, outubro 24, 2004

Segredos da laranja

Qual é a coisa, qual é ela? "De manhã é ouro, ao almoço é prata, à noite mata." A laranja, claro está. Desde pequena que ouço esta sentença popular e na minha casa sempre a seguimos à risca. Não vale a pena morrer por uma simples laranja. Há dias, voltei a ouvir a máxima da laranja. Enquanto engomava a roupa a preceito, a Madalena afiançava que a laranja "de manhã é ouro, ao almoço é prata e à noite mata."
Fiquei com saudades do tempo em que havia o tempo das laranjas. Já não há o tempo das laranjas porque durante todo o ano há laranjas no supermercado. Agora já não há o tempo de nada. O verdadeiro tempo das laranjas é o Inverno. Depois de acabar o tempo das ameixas, começávamos a olhar para as laranjeiras, a sonhar com os frutos maduros.
No nosso jardim havia três laranjeiras, plantadas mais ou menos à mesma distância umas das outras: uma à frente da porta do "quarto-de-fora", outra à frente da janela do quarto dos meus pais e a terceira à frente da porta do nosso quarto. O vento encarregava-se de colher as laranjas, deixando o terreiro coberto delas. Nós dávamos carreiras à chuva, para as trazermos para dentro de casa, e depois comíamos as laranjas partidas aos quartos, saboreando-as com prazer.
Enchíamos a barriga com esse ouro e essa prata, e éramos ricas porque não precisávamos de muito mais para sermos felizes.

Comments:
Gústame moito o teu blob. Na miña terra (No norte de Espanha) tamén se dicía o mesmo das laranxas, aínda que eu non comprendera que poidera matar a laranxa pola noite, e de feito, téñome arriscado a comelas.
 
Sua benção ( ou melhor, sua bense...),
O seu blog é tesoirinho ( na minha escola primária - na Camacha - era assim que se dizia porreiro, fixe...)!
Havia um velhote chamado Noé - que era marido da nossa amassadeira do pão, a srª Ludovina e batedor na caça do meu pai e do meu avô - que dizia expressões espantosas como "semente da terra" para pedra (das "vivas")- poético, não? E "tinchuadela de finca-tanchão" para uma boa paulada com pau afiado em algum "bojeco" (cachorrinho) "sandeiro" (chato) e "ladrão" (de ladrar muito)...
E a nossa lavadeira, a inestimável srª Augusta que eufemisticamente dizia "pique" para gávida (por exemplo:"cande u tava pique de Antoino...")e, estranhamente, também usava "pique" para bocados de carne (de porco - que de vaca nã tinha posses)...
Inté,
Luis Miguel S. Jesus
 
best regards, nice info » »
 
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